Porto Velho, Rondônia - Em um estado historicamente marcado pela atuação de facções criminosas, milícias e esquemas de poder paralelo, o novo presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ), desembargador Claudio de Mello Tavares, assumiu o cargo prometendo tolerância zero contra candidaturas ligadas ao crime organizado nas eleições de 2026.
Em discurso enfático durante a posse, realizada nesta semana, Tavares afirmou que não permitirá registros de candidatos com vínculos diretos ou indiretos com facções, tráfico de drogas ou milícias. A declaração, embora contundente, reacende um debate recorrente: como transformar o discurso em ações efetivas diante de um histórico de infiltração criminosa no processo eleitoral fluminense.
“Não haverá espaço no processo eleitoral do Estado do Rio de Janeiro para candidaturas patrocinadas pelo crime organizado. O voto popular é sagrado. Não pode ser comprado, coagido ou manipulado”, afirmou o magistrado, garantindo que não hesitará em indeferir registros suspeitos.
Desafio histórico e cobrança institucional
A fala do novo presidente ocorre em um contexto sensível. Investigações recentes e operações policiais revelaram, ao longo dos últimos anos, a presença de grupos criminosos atuando na coação de eleitores, no financiamento ilegal de campanhas e até na indicação de candidatos em áreas dominadas por milícias.
Apesar do discurso firme, especialistas apontam que o desafio do TRE-RJ vai além da análise formal de registros de candidatura. A dificuldade está na comprovação jurídica dos vínculos criminosos, muitas vezes ocultos por laranjas, empresas de fachada ou relações indiretas.
Ainda assim, Tavares reforçou que o tribunal atuará de forma rigorosa para garantir a liberdade do voto.
“Nenhuma nação se fortalece sem assegurar ao cidadão o direito ao voto livre, sem medo e sem coerção. O eleitor deve escolher seus representantes sem interferência de forças paralelas”, declarou.
Experiência no Judiciário
Claudio de Mello Tavares é desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) desde 1998. Já foi corregedor-geral da Justiça, presidente do TJRJ no biênio 2019-2020 e, mais recentemente, exerceu a vice-presidência e a Corregedoria Regional Eleitoral do TRE-RJ, entre março e dezembro de 2025.
Ele foi eleito por aclamação para presidir o tribunal até março de 2027, sucedendo o desembargador Peterson Barroso Simão.
Na mesma solenidade, o desembargador Fernando Cerqueira Chagas tomou posse como vice-presidente e corregedor regional eleitoral.
Com as eleições de 2026 no horizonte, o discurso do novo presidente do TRE-RJ eleva a expectativa da sociedade por ações concretas, fiscalização rigorosa e decisões que efetivamente impeçam que o crime organizado continue exercendo influência sobre o processo democrático no estado.
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