UNIVERSIDADES VÃO ENVOLVER MORADORES DE FAVELAS EM PESQUISA SOBRE IMPACTOS DA CRISE CLIMÁTICA

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UNIVERSIDADES VÃO ENVOLVER MORADORES DE FAVELAS EM PESQUISA SOBRE IMPACTOS DA CRISE CLIMÁTICA

Grades de proteção instaladas em encosta de favela no Rio de Janeiro, área vulnerável aos impactos das mudanças climáticas (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil – Alô Rondônia)

Projeto internacional vai integrar comunidades urbanas vulneráveis em estudos sobre adaptação climática até 2027

Porto Velho, Rondônia – Universidades brasileiras, em parceria com a Universidade de Glasgow, no Reino Unido, vão desenvolver um estudo inédito para analisar os impactos das mudanças climáticas em favelas e comunidades urbanas vulneráveis do país. A pesquisa pretende envolver diretamente os moradores dessas regiões, que atuarão como pesquisadores comunitários ao longo do projeto.

A iniciativa, batizada de Projeto Pacha, terá duração até 2027 e será realizada em comunidades localizadas nas cidades de Natal (RN), Curitiba (PR) e Niterói (RJ). O financiamento ultrapassa R$ 14 milhões e é garantido pela fundação britânica Wellcome Trust, referência internacional no apoio a pesquisas nas áreas de saúde e clima.

PESQUISA PARTICIPATIVA COM FOCO NAS COMUNIDADES

O diferencial do projeto está na metodologia participativa. Em vez de analisar apenas dados oficiais, que normalmente refletem a realidade da cidade formal, os pesquisadores pretendem construir informações diretamente com os moradores das favelas.

Segundo os coordenadores, a proposta é identificar os principais riscos climáticos enfrentados pelas comunidades, como enchentes, deslizamentos, ondas de calor e eventos extremos, além de mapear soluções locais já desenvolvidas pelos próprios moradores.

UNIVERSIDADES ENVOLVIDAS NO PROJETO

Além da Universidade de Glasgow, participam da pesquisa no Brasil:
  • Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR);
  • Fundação Getulio Vargas (FGV);
  • Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
As instituições atuarão de forma integrada, combinando análises urbanas, dados socioeconômicos e estudos sobre saúde pública e clima.

MORADORES SERÃO PESQUISADORES COM BOLSAS

Um dos eixos centrais do projeto é a concessão de bolsas de pesquisa para moradores das próprias comunidades estudadas. Está previsto, a partir de janeiro de 2026, o lançamento de um edital que permitirá a seleção de pesquisadores comunitários, além de bolsas de doutorado e pós-doutorado.

A ideia é que esses moradores participem ativamente da coleta de dados, do diagnóstico dos problemas e da construção de indicadores climáticos, garantindo que o conhecimento gerado permaneça nas comunidades mesmo após o encerramento do projeto.

DESIGUALDADE CLIMÁTICA NO BRASIL

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 16 milhões de brasileiros vivem em favelas, o que representa cerca de 8% da população do país. Essas áreas estão entre as mais expostas aos efeitos das mudanças climáticas, devido à precariedade das moradias e à falta de infraestrutura adequada.

O Projeto Pacha pretende contribuir para políticas públicas mais eficazes, ao evidenciar como desigualdades sociais e ambientais se sobrepõem e ampliam os riscos para essas populações.

RESULTADOS DEVEM SUBSIDIAR POLÍTICAS PÚBLICAS

Os pesquisadores destacam que os dados produzidos servirão de base para planos municipais e nacionais de adaptação climática, oferecendo uma visão mais realista e inclusiva da realidade das periferias urbanas brasileiras.

A conclusão do estudo está prevista para o final de 2027, com divulgação pública dos resultados e realização de eventos periódicos nas comunidades participantes.

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