Porto Velho, Rondônia - O Nordeste brasileiro tem potencial para se tornar um dos principais vetores de crescimento econômico e social do país, segundo relatório divulgado pelo Banco Mundial. O estudo destaca que 80% dos 54 milhões de habitantes da região estão em idade ativa, fator considerado decisivo para impulsionar a produtividade, ampliar a geração de empregos e reduzir desigualdades históricas.
Capital humano em ascensão
De acordo com o relatório Rotas para o Nordeste: Produtividade, Empregos e Inclusão, a região apresentou avanços significativos na formação educacional da população nos últimos anos. O percentual de trabalhadores com ensino superior quase dobrou, passando de 9,1% em 2012 para 17% em 2023, especialmente entre os jovens.
Apesar desse avanço, o Banco Mundial avalia que o Nordeste ainda enfrenta dificuldades para converter o aumento da escolaridade em melhores oportunidades de trabalho e renda, o que limita os ganhos sociais e econômicos.
Desafios no mercado de trabalho
O documento aponta que a criação de empregos formais segue como um dos principais entraves ao desenvolvimento regional. Entre 2012 e 2022, a taxa média de desemprego no Nordeste ficou em 12%, enquanto a informalidade atingiu 52%, índices superiores aos registrados em outras regiões do Brasil.
Para o Banco Mundial, ampliar a oferta de empregos de qualidade é o caminho mais seguro para reduzir a pobreza e promover maior inclusão social.
Potencial industrial e energético
Um dos destaques positivos do relatório é o papel estratégico do Nordeste na transição energética nacional. A região responde por 91% da produção de energia eólica do Brasil e por 42% da energia solar, o que abre espaço para um crescimento industrial mais sustentável e para o desenvolvimento de setores emergentes, como o hidrogênio verde.
Segundo o estudo, esse cenário cria oportunidades para atrair investimentos, fortalecer cadeias produtivas e gerar empregos mais qualificados.
Inclusão e igualdade no trabalho
O Banco Mundial também recomenda políticas voltadas à inclusão de mulheres e grupos historicamente marginalizados. Atualmente, a taxa de participação feminina no mercado de trabalho do Nordeste é de 41%, bem abaixo dos 52% observados no restante do país.
A ampliação da presença feminina na força de trabalho é vista como essencial para elevar a produtividade e reduzir desigualdades sociais.
Ambiente de negócios e infraestrutura
Entre as recomendações do relatório estão o estímulo ao empreendedorismo, a simplificação de processos para abertura de empresas, o fortalecimento da concorrência e a redução da dependência de incentivos fiscais, considerados pouco eficientes para aumentar a produtividade no longo prazo.
O estudo também enfatiza a necessidade de acelerar a modernização da infraestrutura, com investimentos em rodovias, ferrovias, conectividade digital, além de melhorias nos serviços de água e saneamento. Para viabilizar esses projetos, o Banco Mundial incentiva parcerias bem estruturadas entre o setor público e a iniciativa privada.
Perspectiva de futuro
Para o Banco Mundial, se o capital humano e os recursos naturais forem bem aproveitados, o Nordeste poderá superar seu histórico de desigualdades e se consolidar como um polo dinâmico de desenvolvimento.
“O capital humano e a abundância de recursos naturais, se efetivamente alavancados por meio de crescimento acelerado e geração de empregos de qualidade, podem transformar o Nordeste em um motor do desenvolvimento futuro do Brasil”, destaca o relatório.
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