Exploração de lítio em Minas Gerais: Brasil busca ampliar presença na cadeia global de minerais estratégicos - Foto: Gil Leonardi/Agência MinasPorto Velho, Rondônia - O Brasil reúne condições geológicas privilegiadas para se tornar um dos protagonistas globais na produção de minerais críticos — insumos essenciais para setores como tecnologia, defesa e, sobretudo, transição energética. É o que revela um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que destaca o potencial brasileiro, ainda subaproveitado nas últimas décadas.
Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o país detém cerca de 10% das reservas mundiais desses minerais, que incluem lítio, cobalto, níquel e terras raras — matérias-primas indispensáveis para baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas, painéis solares e semicondutores.
Produção ainda tímida, mas investimentos indicam mudança de cenário
De acordo com a pesquisa Qual a importância do Brasil na cadeia global de minerais críticos da transição energética?, divulgada nesta quinta-feira (4), a atuação brasileira no comércio internacional desses insumos permaneceu limitada nas últimas duas décadas. O desempenho modesto reflete desafios como baixa previsibilidade da produção, falta de investimentos contínuos e atrasos em estudos geológicos.
No entanto, o estudo aponta que um novo ciclo pode estar em formação. O aumento recente nos investimentos em infraestrutura, tecnologia e pesquisa mineral — alinhado à corrida global por fontes seguras e diversificadas — indica que o Brasil pode ganhar força e competitividade.
“Um ciclo virtuoso de expansão da produção parece estar se desenhando, mas é importante que as expectativas sobre o impacto econômico sejam realistas”, afirmam os pesquisadores Rafael da Silveira Soares Leão, Mariano Laio de Oliveira e Danúbia Rodrigues da Cunha.
Participação no PIB ainda pequena
A cadeia mineral brasileira representou, entre 2000 e 2019, algo entre 0,75% e 2% do Produto Interno Bruto (PIB), variando conforme os ciclos internacionais de valorização das commodities. O minério de ferro responde por mais de dois terços dessa participação, deixando outros minerais estratégicos em segundo plano.
O estudo reforça que ampliar a diversidade da produção — com foco nos minerais críticos — pode reduzir vulnerabilidades e inserir o Brasil em segmentos de maior valor agregado da economia global.
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