Bolsonaristas se engajam em campanha de boicote às sandálias Havaianas após propaganda com Fernanda Torres

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Bolsonaristas se engajam em campanha de boicote às sandálias Havaianas após propaganda com Fernanda Torres

Fernanda Torres em campanha das Havaianas; propaganda virou alvo de reação da extrema-direita - Foto: Reprodução Internet | Alô Rondônia

Porto Velho, Rondônia - Uma frase dita pela atriz Fernanda Torres em uma campanha publicitária da Havaianas desencadeou uma mobilização de bolsonaristas nas redes sociais, que agora defendem boicotar a marca. O episódio reacende a estratégia de transformar produtos e empresas em alvos políticos, prática que se repete sempre que grupos de extrema-direita identificam elementos simbólicos para mobilizar sua base.

PUBLICIDADE COM TOM DE HUMOR VIROU GATILHO PARA MILITÂNCIA BOLSONARISTA

No comercial, Fernanda Torres diz: “Eu não quero que você comece o ano com o pé direito”, em tom humorístico, sugerindo que o consumidor comece com “os dois pés”. A frase, ao brincar com expressões populares, acabou sendo interpretada por influenciadores bolsonaristas como uma provocação política — ainda que o anúncio não tenha qualquer referência ao tema.

A reação foi rápida e organizada, movimentando perfis que tradicionalmente engajam campanhas de boicote baseadas em identidades ideológicas.

EDUARDO BOLSONARO, NIKOLAS FERREIRA E LUCIANO HANG ENTRAM NA CAMPANHA

Entre os nomes que aderiram ao ataque contra a marca estão:
Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que gravou vídeo jogando um par de sandálias no lixo;

Nikolas Ferreira (PL-MG), que fez um trocadilho com o slogan “Havaianas, todo mundo usa”;

Luciano Hang, empresário e dono da Havan, que publicou foto usando sandálias concorrentes.
Apesar da postagem, as lojas Havan continuavam vendendo produtos da marca até a tarde de segunda (22). O episódio revela uma contradição frequente: discursos de boicote convivem com interesses comerciais que não são abandonados na prática.

POLÊMICA POLARIZA AINDA MAIS O DEBATE E MOVE REAÇÕES DA ESQUERDA

Parlamentares de esquerda reagiram, reforçando a dimensão política e não econômica da mobilização.

A deputada Duda Salabert (PDT-MG) destacou que a fábrica da Havaianas em Montes Claros emprega milhares de mineiros, alertando que boicotes sem base concreta poderiam prejudicar trabalhadores, não a empresa.

Já a deputada Erika Hilton (PSOL-SP) optou pela ironia, comparando a crítica à sandália com referências usadas para ironizar monitoramentos judiciais e tornozeleiras, comuns em debates sobre condenados do 8 de Janeiro.

O senador Cleitinho (Republicanos-MG), porém, surpreendeu ao se alinhar ao boicote movimento incomum dentro do campo mais conservador que geralmente defende manufatura e emprego local.

MAIS UMA GUERRA CULTURAL FABRICADA NAS REDES

O embate sobre as Havaianas se soma a uma lista crescente de produtos, marcas e artistas transformados em alvos de disputas políticas — fenômeno que se intensifica especialmente em períodos pré-eleitorais ou momentos de baixa produção legislativa.

Assim como já ocorreu com marcas de cerveja, bancos, empresas de tecnologia e até mesmo instituições de ensino, o episódio mostra que a extrema-direita brasileira continua operando por meio de agendas simbólicas e teorias de afronta cultural, muitas vezes desconectadas do debate econômico real.
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