Movimento oficializa rompimento do prefeito e candidato à reeleição com o Republicanos

Porto Velho, Rondônia - O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), demitiu nesta terça-feira um secretário e dois presidentes de autarquias que eram aliados do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PRD) e do prefeito de Belford Roxo (RJ), Waguinho (Republicanos), oficializando o rompimento com o grupo a pouco mais de quatro meses da eleição municipal.

A exoneração do secretário de Habitação, Marcus Vinicius Medina Costa e dos presidentes da Rioluz, Raoni César Ras, e do IplanRio, Michell Yamasaki Verdejo, foi publicada hoje no Diário Oficial do Município.

O movimento afasta de vez a possibilidade de o Republicanos, que no Rio é presidido por Waguinho, dar apoio à reeleição de Paes em outubro. E coroa um processo de desgaste que vem do avanço das investigações sobre o caso Marielle Franco. No início de abril, após o surgimento de informações que indicavam que o deputado federal e então secretário de Ação Comunitária de Paes, Chiquinho Brazão, seria responsabilizado pelo crime, o político pediu sua exoneração do cargo.

Os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão são aliados de décadas de Cunha e Waguinho, e a presença de seus apadrinhados na administração era uma contrapartida pelo apoio a Paes na eleição.

A gota d'água para o rompimento foi uma licitação da secretaria de ação social, de Waguinho, vencida pela ONG Contato - a mesma que vem sendo investigada por contratos com a Fundação Ceperj, órgão suspeito de ter empregado milhares de aliados e cabos eleitorais do governador Cláudio Castro (PL).

A ONG recebe dinheiro de emendas parlamentares enviado por Brazão e outros aliados e apareceu nas investigações sobre o assassinato da vereadora do PSOL como suspeita de ser usada para lavagem de dinheiro por parte do clã. A PF pediu ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso Marielle no Supremo Tribunal Federal (STF), autorização para abrir um inquérito para investigar esse assunto.

Na prefeitura, a ONG receberia R$ 137 milhões de reais por ano para subcontratar 2000 funcionários para atuar na área de ação social. Mas a Secretaria de Integridade da prefeitura vetou o fechamento do contrato por conta do histórico da entidade.

A equipe da coluna apurou que Cunha pressionou a prefeitura para que fechasse com a Contato, mas não conseguiu. Paes temia que o caso contaminasse sua gestão a pouco meses da eleição e avaliou que perderia mais mantendo a aliança com o grupo do que rompendo com eles.

O Republicanos, antigo PRB, apoiou Paes na eleição municipal de 2012. Em 2016, lançou o então senador Marcelo Crivella, que venceu o pleito daquele ano e perdeu a disputa pela reeleição em 2020 para o atual prefeito. A reaproximação vinha sendo costurada por Waguinho.


Fonte: O GLOBO