Quake tem simulador que mostra como foram os tremores de 1755, que transformaram a cara da capital de Portugal

Porto Velho, RO - Na manhã de 1º de novembro de 1755, um terremoto mudou a cara de Lisboa para sempre. Bairros inteiros desapareceram do mapa, e outros, como a Baixa, sugiram na renovação da capital de Portugal nos anos seguintes. Quase 267 anos depois, será possível reviver aquele terrível evento, com muito mais segurança, é claro, no Quake - Centro do Terramoto de Lisboa, atração que acaba de ser inaugurada na região de Belém.

Localizado na zona histórica de Belém, o Quake promete criar uma “experiência temática que permite ver e sentir o Grande Terramoto de Lisboa”, uma viagem no tempo para conhecer a cidade “que se perdeu”. Através de um simulador, a atração pretende levar os visitantes de volta à manhã ensolarada daquele Dia de Todos os Santos, que marcou o fim da Lisboa medieval, tomada por ruas estreitas, sinuosas e sujas.

Nas cadeiras que se mexem no ritmo dos tremores - que especialistas estimam ter atingido nove pontos na escala Richter, dos dez possíveis - os visitantes assistem a vídeos que recriam não apenas o cenário urbano da época, mas também a destruição, com os prédios desabando e incêndios se alastrando pela cidade.

O espaço conta também com painéis interativos, onde se pode aprender outros detalhes do Grande Terremoto, além de informações sobre as origens de terremotos e tsunamis em diversas partes do mundo. A exposição faz questão de lembrar aos visitantes que Lisboa ainda corre o risco de sofrer com eventos da mesma magnitude dos tremores de 1755.

Os ingressos podem ser comprados pela internet, através do site lisbonquake.com. As entradas custam entre 21 euros 31 euros. O Quake fica na Rua Cais da Alfândega Velha 39, em Belém.

O terremoto que mudou o mundo

Para se ter uma ideia de como era Lisboa antes do terremoto, basta caminhar pela Alfama, o bairro mais antigo da capital, que ainda preserva o traçado irregular e as vias estreitas, que datam ainda da Idade Média. Outro registro da época são as ruínas do Convento do Carmo, no Bairro Alto. O complexo religioso nunca foi reconstruído após os tremores, que destruíram 35 igrejas, 55 palácios e construções de valor inestimável, como a Biblioteca Real com os 70 mil volumes que ela guardava.

Já a Baixa Pombalina, com seu traçado reto, quarteirões simétricos e amplos largos, como o do Comércio, é resultado direto do trabalho de reconstrução da cidade.

Em Portugal, diz-se que o Grande Terremoto mudou o mundo.Ou, ao menos, o mundo lusófono. Fortalecido após comandar a reconstrução da cidade, o Marquês de Pombal assumiu as rédeas da administração do império português, o que provocou grandes mudanças nas relações com as colônias.

Uma delas foi o aumento de impostos para cobrir os prejuízos econômicos causados pelo desastre. Regiões mineradoras foram as mais visadas, o que resultou numa resistência ainda maior à presença portuguesas nas colônias. Movimentos como a Inconfidência Mineira, por exemplo, podem ter sido uma consequência daquela manhã de 1º de novembro de 1755.

Fonte: O Globo