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| O Tribunal avalia que essas fragilidades podem levar à dispensa indevida de licitação, ao mau uso do dinheiro público e ao desrespeito a princípios básicos como legalidade e eficiência |
Tribunal concedeu tutela de urgência e apontou fragilidades no modelo de contratação do Proafi Escola-Obras, com risco de mau uso de recursos e afastamento indevido de licitação.
Porto Velho, Rondônia – As obras e serviços de
engenharia em escolas estaduais de Rondônia passaram a ser investigados pelo
Tribunal de Contas do Estado (TCE-RO). Em decisão publicada no Diário Oficial
Eletrônico, o Tribunal concedeu medida urgente após identificar indícios
de irregularidades na execução do Programa de Apoio Financeiro (Proafi),
com foco no Proafi Escola-Obras, conduzido pela Secretaria de Estado da
Educação (Seduc).
Segundo o
TCE, o modelo adotado enfraquece o controle das contratações, pode
provocar fracionamento indevido, aumentar custos e permitir
práticas que já não são admitidas pela legislação, comprometendo o
planejamento e a fiscalização das obras.
O QUE ESTÁ EM
INVESTIGAÇÃO
A
representação foi apresentada pela Secretaria-Geral de Controle Externo (SGCE)
do próprio TCE-RO, que apontou que o modelo do Proafi Escola-Obras pode
comprometer a regularidade das obras e dos serviços de engenharia realizados
com recursos públicos nas escolas.
De acordo
com o corpo técnico, as contratações passaram, em muitos casos, para as Unidades
Executoras (UEx) das escolas, que não possuem estrutura técnica e
administrativa adequada para lidar com obras complexas, como instalações
elétricas, cobertura, esgoto e sistemas de prevenção contra incêndio.
POR QUE ISSO
PREOCUPA: LICITAÇÃO, PLANEJAMENTO E RISCO DE DESPERDÍCIO
Um dos principais problemas apontados pelo Tribunal é a retirada do Estudo Técnico Preliminar, etapa
que serve para justificar a obra, comparar soluções e identificar riscos,
exigência ligada à Lei de Licitações (Lei nº 14.133/2021).
O TCE também alerta para:
·
uso de procedimentos
de contratação não previstos na legislação federal, semelhantes a
modelos já extintos;
·
fracionamento
indevido das contratações, o que pode aumentar custos e reduzir a
economia de escala;
·
falhas de
governança e divisão de responsabilidades, dificultando o controle e a
responsabilização.
Na
prática, o Tribunal avalia que essas fragilidades podem levar à dispensa indevida de licitação, ao mau uso do dinheiro público e ao
desrespeito a princípios básicos como legalidade
e eficiência.
“OBRAS QUE APARECEM” PODEM GANHAR PRIORIDADE
SOBRE O QUE É ESSENCIAL
Um trecho
do relatório técnico destaca um problema frequente: obras que exigem
conhecimento técnico, como instalações elétricas, acessibilidade e sistemas
de prevenção contra incêndio, costumam ficar em segundo plano quando as
decisões são tomadas por gestores sem formação na área. Em contrapartida, obras
mais visíveis, como ampliações, tendem a avançar com maior rapidez.
O
documento também cita o programa “Estruturas da Educação”, que
identificou graves gargalos na infraestrutura das escolas, especialmente
em áreas técnicas como cobertura, rede elétrica e esgotamento sanitário.
O QUE O TCE
DETERMINOU DE IMEDIATO
Como
medida imediata, a equipe técnica do TCE propôs — e a decisão segue esse
entendimento — que a Seduc suspenda novas contratações de obras e serviços
de engenharia no Proafi Escola-Obras que ultrapassem os limites legais de
dispensa de licitação.
A partir
da decisão, a Secretaria de Estado da Educação terá de explicar formalmente
ao Tribunal como o Proafi Escola-Obras foi estruturado e por que optou por
um modelo que, segundo a área técnica, fragiliza controles básicos da
administração pública. O TCE seguirá acompanhando o caso e poderá confirmar,
ampliar ou rever as medidas restritivas, a depender das justificativas
apresentadas.
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