Edifício-sede do Banco Central, em Brasília - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo (Alô Rondônia)
Dados do Banco Central mostram alta nas taxas para pessoas físicas em novembro, enquanto juros para empresas registram queda no período.
Porto Velho, Rondônia – As taxas médias de juros cobradas pelos bancos avançaram para as famílias em novembro, com destaque para o crédito pessoal não consignado e o cartão de crédito rotativo, segundo as Estatísticas Monetárias e de Crédito divulgadas nesta sexta-feira (26) pelo Banco Central (BC). Para as empresas, no entanto, houve redução dos juros médios no mesmo período.
No crédito livre destinado às pessoas físicas, o crédito pessoal não consignado apresentou alta expressiva de 5,5 pontos percentuais (pp), alcançando 106,6% ao ano. O cartão de crédito parcelado também ficou mais caro, com aumento de 3,2 pp, chegando a 181,2% ao ano. Já o cartão de crédito rotativo subiu 0,7 pp no mês e atingiu 440,5% ao ano, uma das taxas mais elevadas do mercado financeiro.
Apesar da limitação imposta desde janeiro do ano passado para conter a cobrança excessiva no rotativo, os juros seguem elevados. Em 12 meses, houve redução de 5,4 pp nessa modalidade para as famílias, mas a medida não altera as taxas pactuadas no momento da contratação do crédito.
O crédito rotativo é acionado quando o consumidor paga menos que o valor total da fatura do cartão, arcando com juros sobre o saldo devedor por até 30 dias. Após esse prazo, a dívida é automaticamente parcelada, migrando para o cartão parcelado, que, mesmo com alta em novembro, acumulou queda de 2 pp em 12 meses.
No total, a taxa média de juros das concessões de crédito livre para famílias subiu 0,9 pp em novembro e acumulou alta de 6,2 pp em 12 meses, alcançando 59,4% ao ano.
Empresas têm alívio nos juros:
Para as empresas, as taxas médias das novas contratações de crédito livre recuaram 0,6 pp em novembro, embora ainda acumulem alta de 2,8 pp em 12 meses, chegando a 24,5% ao ano. Destaque para a queda nos juros do desconto de duplicatas e outros recebíveis, que ficaram em 19,3% ao ano, e nas operações de capital de giro com prazo superior a 365 dias, que recuaram para 21,8% ao ano.
No crédito direcionado, com regras definidas pelo governo, a taxa para pessoas físicas ficou estável em 10,9% ao ano, enquanto para empresas houve queda para 11,8% ao ano.
Influência da Selic e do spread bancário:
Considerando recursos livres e direcionados, a taxa média geral de juros atingiu 31,9% ao ano em novembro, com leve alta mensal de 0,1 pp e aumento de 3,5 pp em 12 meses. O movimento acompanha o ciclo de elevação da taxa básica de juros, a Selic, fixada em 15% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom), maior patamar desde julho de 2006.
O spread bancário — diferença entre o custo de captação dos bancos e as taxas cobradas dos clientes — também subiu, registrando alta de 0,3 pp no mês e de 2,5 pp em 12 meses.
Em novembro, as concessões de crédito somaram R$ 637,5 bilhões, com recuo de 6,6% no mês. O estoque total de crédito do Sistema Financeiro Nacional chegou a R$ 6,971 trilhões, com crescimento de 0,9% em relação a outubro.
A inadimplência ficou em 3,8%, sendo 4,7% entre pessoas físicas e 2,3% entre empresas. Já o endividamento das famílias alcançou 49,3% da renda acumulada em 12 meses, enquanto o comprometimento da renda com dívidas chegou a 29,4%, segundo dados do Banco Central.
O avanço dos juros para as famílias reforça o cenário de crédito mais caro e maior pressão sobre o orçamento doméstico, em um contexto de política monetária restritiva adotada pelo Banco Central para conter a inflação.
0 Comentários