Gleisi atua para conter crise entre Alcolumbre, Motta e líderes do governo Lula

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Gleisi atua para conter crise entre Alcolumbre, Motta e líderes do governo Lula


Gleisi Hoffmann assume articulação para reduzir tensão entre chefes do Congresso - Foto: Brito Júnior/SRI-PR

Ministra tenta reaproximar chefes do Congresso após rompimentos com Jaques Wagner e Lindbergh Farias.

Porto Velho, RO - A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, foi acionada pelo Palácio do Planalto para conter a crise aberta entre o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e o presidente da Câmara, Hugo Motta, com os líderes governistas Jaques Wagner e Lindbergh Farias. Os rompimentos ocorreram na semana passada e acenderam o alerta no governo Lula, que tenta evitar desgaste às vésperas das negociações finais do Orçamento de 2026.

A avaliação interna é que o conflito tem raízes pessoais e não deve interferir no acordo firmado entre Alcolumbre, Motta e Lula, que prevê liberação menos burocrática de emendas — especialmente da Saúde — em troca do avanço de pautas prioritárias do Executivo. Ainda assim, o Planalto avalia que o ruído político pode comprometer votações estratégicas se não for administrado rapidamente.

Para reduzir a tensão, Gleisi escalou dois articuladores com trânsito facilitado entre os presidentes das Casas Legislativas: José Guimarães, na Câmara, e Randolfe Rodrigues, no Senado. Ambos mantêm diálogo permanente com Motta e Alcolumbre e devem assumir a interlocução direta para reconstruir o ambiente político dos últimos meses.Disputas por espaço aumentam risco de desgaste

Nos bastidores, aliados apontam que a disputa por influência na execução orçamentária e em temas sensíveis contribuiu para acirrar os ânimos. Motta e Alcolumbre tentam ampliar seu poder sobre o Orçamento de 2026 e cobram do governo o cumprimento do acordo firmado em jantares realizados ainda no primeiro semestre.

Um auxiliar do Planalto avalia que, apesar dos atritos, os dois ainda têm “interesse prático” em manter boa relação com o Executivo, uma vez que dependem da articulação do governo para destravar parte das demandas regionais.

Senado mira PL Antifacção e taxação de bets
No Senado, duas pautas concentram a preocupação imediata do governo: impedir que o PL Antifacção sofra modificações alinhadas ao bolsonarismo e garantir a votação do projeto que aumenta a tributação sobre bets e fintechs, previsto para análise nesta terça-feira (25). Ambas dependem da condução política de Alcolumbre.

A indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal, embora relevante, é tratada como assunto de médio prazo. O Planalto entende que o advogado-geral da União ainda terá de percorrer articulações próprias antes de avançar no Senado.

Câmara discute pauta da anistia em meio à prisão de Bolsonaro
Na Câmara, o foco imediato é evitar que a pauta da anistia — ou dosimetria — seja levada ao plenário. Líderes partidários devem decidir nesta terça-feira se haverá votação, um debate que cresceu após a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Interlocutores do governo admitem que esse é o tema mais sensível no momento, por se tratar de uma pauta com forte carga política e alto potencial de desgaste.

Especialistas em relações institucionais avaliam que crises envolvendo presidentes das Casas Legislativas tendem a ser resolvidas por conveniência mútua, especialmente em momentos de definição orçamentária. Entretanto, alertam que o atual cenário de polarização exige articulação contínua para evitar rupturas inesperadas que possam travar votações centrais para o governo.

Crises entre Executivo e Congresso são comuns em períodos de definição do Orçamento. Em 2026, o governo tenta equilibrar demandas por emendas, avanços em pautas econômicas e disputas por poder interno entre líderes partidários. A entrada de Gleisi na negociação sinaliza que o Planalto busca retomar protagonismo na articulação política para impedir que conflitos pessoais comprometam prioridades estratégicas.

Com agendas sensíveis simultaneamente em tramitação, o governo aposta na articulação conjunta de Gleisi, Guimarães e Randolfe para reconstruir pontes e evitar turbulências nas próximas semanas. O Planalto avalia que, apesar do desgaste, há espaço para recomposição antes das votações mais relevantes do fim do ano legislativo.

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