Porto Velho, Rpndônia – A guerra na Ucrânia vem registrando uma aceleração na incorporação de sistemas não tripulados e robóticos às operações militares, transformando veículos obsoletos e drones improvisados em plataformas de combate e logística. Relatos de iniciativas no front apontam para uma transição em que brigadas inteiras passam a operar acompanhadas por enxames de drones e por veículos terrestres autônomos.
Segundo relatos da imprensa especializada, oficinas próximas à linha de frente — instaladas em armazéns soviéticos abandonados — têm convertido carros e veículos militares antigos em UGVs (Unmanned Ground Vehicles). Essas adaptações, comandadas por equipes de engenharia e voluntários, incluem a modernização de chassi, integração de links digitais (como Starlink ou LTE) e atualização dos sistemas de controle. O custo estimado por conversão varia entre US$ 750 e US$ 1.000, sem contar equipamentos de satélite.
Uso tático e limitações operacionais
As UGVs desempenham hoje funções logísticas e de evacuação — transporte de munição, alimentos e feridos sob fogo inimigo —, e, em alguns casos, são equipadas com torres armadas, morteiros ou módulos de guerra eletrônica. A conectividade instável e a vulnerabilidade à guerra eletrônica impõem restrições: as operações costumam ocorrer à noite ou em condições de furtividade para reduzir a exposição a drones kamikaze adversários. Em cenários de alto risco, algumas unidades também empregam UGVs em missões suicidas para neutralizar obstáculos ou detonarem cargas.
A proliferação de drones aumentou a chamada “zona de matança” atrás da linha de frente, ampliando o alcance letal e complicando movimentos logísticos. Relatos indicam que sistemas não tripulados passaram a responder por parcela substancial das baixas em determinados setores, forçando adaptações táticas e logísticas por parte das forças ucranianas.
Inovações e corrida por massa crítica
O avanço é acompanhado por iniciativas estratégicas: programas e grupos de apoio, como o chamado Brave1, planejam ampliar rapidamente o número de UGVs em operação — metas citadas por fontes somam até 15 mil veículos até o fim de 2025. Enquanto isso, a indústria russa trabalha em protótipos e demonstrações de capacidade, incluindo lançadores termobáricos e outras aplicações robóticas.
Analistas destacam que a Uc raína vem explorando uma rede descentralizada de startups, brigadas criativas e doações para manter um ritmo de inovação que, em tempos normais, demandaria anos. Essa experimentação acelerada tem atraído a atenção de potências estrangeiras, interessadas em incorporar lições e tecnologias ao seu próprio desenvolvimento militar.
Do suporte logístico ao combate direto
Além do emprego em suprimento e evacuação, surgem protótipos mais agressivos: torres antiaéreas móveis, UGVs kamikaze com conectividade robusta para ataques a blindados e plataformas modulares adaptáveis à missão. O desafio central permanece na redução de custos e na simplificação operacional para permitir o deslocamento e a substituição em massa dessas plataformas.
A transformação observada no teatro ucraniano aponta para um futuro do combate cada vez mais orientado pela integração de sistemas autônomos e semiautônomos, com consequências práticas sobre tática, logística e ética no emprego de máquinas em operações bélicas.
Fonte: Xataka Brasil / Imagem de capa: TV Zvezda; GopUA.
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