Sushila Karki, ex-presidente da Suprema Corte, assume governo provisório; novas eleições estão previstas para março de 2026
Porto Velho, Rondônia - Katmandu (Nepal) – O Nepal vive uma de suas maiores crises políticas desde o fim da monarquia, em 2008. Nesta sexta-feira (12), o presidente Ram Chandra Paudel anunciou a dissolução do Parlamento e a nomeação da jurista Sushila Karki, de 73 anos, como primeira-ministra interina. Ela é a primeira mulher a ocupar o cargo e terá a missão de conduzir o país até as eleições antecipadas, já marcadas para março de 2026.
A decisão ocorre após uma onda de protestos violentos, liderados pela chamada “Geração Z”, que tomaram as ruas da capital, Katmandu, e de outras cidades. O estopim foi o bloqueio de redes sociais, como Facebook, Instagram, YouTube e X, imposto pelo governo sob a justificativa de combater crimes virtuais e discurso de ódio. O slogan dos manifestantes resume o sentimento popular: “Bloqueiem a corrupção, não as redes sociais”.
Escalada da violência
Desde segunda-feira (8), confrontos entre manifestantes e forças de segurança deixaram 51 mortos e mais de 1.300 feridos, segundo a polícia nepalesa. Edifícios públicos, incluindo o Parlamento, a Suprema Corte e a sede do governo, foram incendiados.
Residências de ministros também viraram alvo. A ministra das Relações Exteriores, Arzu Rana Deuba, e seu marido, o ex-primeiro-ministro Sher Bahadar Deuba, foram agredidos após a invasão de sua casa. Já a residência do ex-premiê Jhala Nath Khanal foi incendiada com sua esposa dentro, que sofreu queimaduras graves.
Dois aeroportos foram danificados, entre eles o Tribhuvan International Airport, principal porta de entrada internacional do Nepal, fechado devido à fumaça dos incêndios. Hotéis de luxo, como o Hilton e o Varnabas, também foram atacados.
Medidas emergenciais
Diante da instabilidade, o Exército anunciou que assumirá o controle da lei e da ordem em todo o país a partir da noite desta sexta-feira. Um toque de recolher foi imposto em áreas estratégicas de Katmandu, e o Ministério da Saúde fez um apelo para que a população doe sangue.
Apesar da renúncia do primeiro-ministro K.P. Sharma Oli na terça-feira (9), em tentativa frustrada de acalmar os ânimos, os protestos continuaram e aumentaram de intensidade.
Contexto socioeconômico
O Nepal enfrenta forte crise econômica, com alto desemprego juvenil e uma crescente dependência das remessas enviadas por milhões de nepaleses que trabalham no exterior, principalmente no Oriente Médio e no Sudeste Asiático. Essa insatisfação, somada à percepção de corrupção generalizada no governo, alimentou a revolta popular.
Primeira-ministra interina
A nova chefe de governo, Sushila Karki, tem histórico de independência no Judiciário e foi a primeira mulher a presidir a Suprema Corte nepalesa. Ela assume em um momento de profunda instabilidade, com a missão de preparar o país para as eleições de 2026 e tentar conter a insatisfação de uma geração que exige mais transparência, empregos e liberdade de expressão.
Fonte: G1
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