Porto Velho, Rondônia – Um estudo global apresentado nesta quinta-feira (28) durante o Congresso Europeu de Cardiologia (ESC 2025) aponta que a vacinação contra o herpes-zóster — conhecido popularmente como cobreiro — está associada a uma redução significativa no risco de infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
A pesquisa avaliou quase duas décadas de estudos e indicou uma diminuição de 18% nos eventos cardiovasculares em adultos acima de 18 anos, e de 16% em pessoas com mais de 50 anos.
O que mostrou a pesquisa
A meta-análise reuniu 19 trabalhos científicos, incluindo ensaios clínicos e estudos observacionais, sendo a primeira a compilar evidências globais sobre os efeitos da vacina do zóster na saúde cardiovascular.
Segundo os autores, a aplicação da vacina — tanto a recombinante quanto a atenuada — foi associada a 1,2 a 2,2 eventos cardiovasculares a menos por mil pessoas vacinadas por ano. Na prática, isso significa que, a cada mil pessoas imunizadas, de 1 a 2 casos de infarto ou AVC deixam de ocorrer anualmente.
Os pesquisadores destacam, no entanto, que grande parte das evidências vem de estudos observacionais, o que impede afirmar que a vacina seja a causa direta da redução desses eventos.
Como a vacinação atua na prevenção cardiovascular
O infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), explica que doenças virais podem provocar inflamação no organismo, desestabilizando placas de gordura nas artérias e aumentando o risco de eventos graves como infarto e AVC.
“Prevenir essas infecções é também uma forma de proteger o coração. O estudo reforça uma relação já observada com outras vacinas, como a da gripe”, disse Kfouri. Ele alerta ainda para a necessidade de leitura crítica, pois o estudo foi financiado pelo produtor da vacina.
Situação no Brasil
Atualmente, a vacina contra herpes-zóster está disponível apenas na rede privada. A SBIm recomenda a aplicação rotineira a partir dos 60 anos e considera indicada a partir dos 50 anos. Pessoas imunocomprometidas, como transplantados, pacientes em diálise ou que utilizam imunossupressores, podem receber a vacina a partir dos 18 anos.
A inclusão no Programa Nacional de Imunizações (PNI) ainda não tem previsão, mas especialistas apontam que, caso ocorra, provavelmente começará pelos grupos mais vulneráveis, como idosos e imunossuprimidos.
Importância para a saúde pública
Doenças cardiovasculares permanecem como a principal causa de morte no mundo, sendo responsáveis por mais de 3 milhões de óbitos por ano, segundo a Sociedade Europeia de Cardiologia.
Em 2025, a entidade defendeu que as vacinas passem a ser consideradas o “quarto pilar” da prevenção cardiovascular, ao lado de medicamentos para hipertensão, colesterol e diabetes.
Fonte: g1 / Congresso Europeu de Cardiologia (ESC 2025)
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