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Porto Velho, Rondônia - Nessa quarta-feira (27), o presidente Lula assinou o decreto que regulamenta oficialmente a TV 3.0, também conhecida como DTV+, uma nova etapa da radiodifusão do país, que integra transmissão aberta de imagens e som com recursos avançados de conectividade e interatividade.
O novo padrão adota uma nova tecnologia que representa um salto técnico, permitindo resoluções de imagens 4K e até 8K, áudio imersivo, vídeo em taxas de quadros mais altas, HDR e transmissão de dados e alertas emergenciais.
O que é a TV 3.0 (DTV+)?
A TV 3.0 vai mudar a forma de usar por parte do usuário. Em vez da sintonização numérica, os canais se transformarão em aplicativos organizados num catálogo visível na tela inicial das TVs compatíveis em um formato parecido com o das plataformas de streaming.
A interatividade é bem maior, com o telespectador podendo votar em tempo real em programas, alternar câmeras em eventos ao vivo, acessar conteúdos sob demanda e realizar compras pela TV, desde que conectado à internet.
Mesmo sem conexão, o sistema permanece funcional como televisão aberta (por antena) gratuita.
Outros recursos técnicos incluem canais de áudio personalizáveis e opções de acessibilidade, como legendas, audiodescrição, áudio alternativo e Libras. Você também vai poder escolher replays em jogos ou corridas.
As propagandas também serão personalizáveis. O comercial que você vai assistir será escolhido tendo como base a análise das suas preferências e tendencias de consumo. Seu vizinho de porta poderá ver outros comercias no mesmo intervalo de um programa.
Como será a transição para a TV 3.0
O cronograma de implantação prevê uma fase preparatória em 2025, com início das primeiras transmissões até a Copa do Mundo de 2026, especialmente nas capitais, e transição escalonada ao longo de até 15 anos.
Durante esse período, o sistema atual coexistirá com o novo, e adaptadores poderão ser usados em televisores antigos.
Preparativos e desafios das emissoras
Além do anúncio oficial, grandes emissoras já iniciam ajustes técnicos. A Globo ampliou sua parceria com a Grass Valley, empresa canadense líder mundial em tecnologia para a indústria de mídia e entretenimento, investindo em infraestrutura IP e capacidade de produção em 4K como preparação para a DTV+.
Só que essa migração para a TV 3.0 vai impor às emissoras investimentos grandes em equipamentos e infraestrutura.
Elas terão de investir na modernização de toda a cadeia de produção e transmissão, incluindo estúdios, antenas, transmissores, equipamentos de codificação de sinal (os encoders) e sistemas de automação, além de treinar as equipes para operar a nova tecnologia.
Durante a transição, será preciso manter no ar, ao mesmo tempo, o sistema atual e o novo padrão 3.0, o que aumenta a faixa de frequência de transmissão e torna a operação mais complexa e cara.
Quanto vai custar
O custo estimado para o consumidor final comprar um conversor de TV 3.0, o dispositivo necessário para acessar as novas funcionalidades nos aparelhos atuais, é de 300 a 400 reais, mas pode cair conforme esses itens ganharem escala de produção. Os novos aparelhos já deverão vir
Para as emissoras, a fatura será bem mais salgada. O setor estima que os custos para a transição completa vão ficar entre 9 e 11 bilhões de reais. Quem tiver uma operação mais integrada e com mais dinheiro em caixa, pode adotar de forma mais rápida e eficiente essa nova tecnologia.
Já os canais menores, regionais, comunitários ou educativos, com orçamento mais limitado, devem enfrentar dificuldade maiores para arcar com os custos de adaptação.
De olho nisso, o governo federal e alguns governos estaduais já se movimentam para oferecer linhas de crédito subsidiadas, em parceria com bancos públicos e organismos internacionais, para ajudá-las nessa adaptação à TV 3.0, mas com valores que ainda não se aproximam das cifras mencionadas pelos canais de televisão.
Enfrentando as Big Techs
Luiz Arthur Abi Chedid, presidente da AESP, Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado de SP, diz que a interatividade e personalização de conteúdos e publicidade é a grande aposta das emissoras para enfrentar as Big Techs.
Nos últimos anos, o mercado publicitário diversificou seus investimentos, direcionando também para o ambiente digital. Parte do faturamento das emissoras de TV foi diminuindo conforme o da internet crescia.
Empresas como Alphabet (Google e YouTube) e a Meta (Facebook e Instagram) abocanharam boa parte dessas verbas que miravam uma prometida maior precisão nas entregas e análises de desempenho das suas propagandas.
Como isso também estará presente na TV 3.0, a expectativa é aliar esses recursos à credibilidade já conquistada pelas emissoras de radiodifusão tradicional para retomarem uma fatia dessa publicidade, possibilitando, inclusive, pagar pelo financiamento para a implantação da tecnologia DTV+.
Fonte: O Antagonista
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