Moradores de Kiev montam barracas de acampamento e sacos de dormir em estação de metrô durante a madrugada de bombardeios da Rússia à cidade, em 4 de julho de 2025. — Foto: Yan Dobronosov/ Reuters
Porto Velho, Rondônia - A cidade de Kiev, capital da Ucrânia, foi alvo do maior bombardeio aéreo registrado desde o início do conflito com a Rússia, em 2022. De acordo com o governo ucraniano, as forças armadas russas lançaram, na madrugada desta sexta-feira (4), um total de 539 drones e 11 mísseis contra o território ucraniano, sendo a maioria direcionada à capital.
O ataque ocorreu um dia após uma ligação entre os presidentes Vladimir Putin, da Rússia, e Donald Trump, dos Estados Unidos. Embora o teor da conversa tenha sido mantido sob sigilo parcial, Trump declarou publicamente estar “muito decepcionado” com o diálogo, que teria durado quase uma hora. Segundo o Kremlin, Putin reforçou que “a Rússia não abrirá mão de seus objetivos na Ucrânia”.
Conforme informou o porta-voz da Força Aérea ucraniana, este foi o maior ataque já registrado em termos de volume de armamentos empregados desde o início da guerra. Dos 539 drones lançados, 268 foram interceptados e abatidos pelas defesas antiaéreas, além de dois dos 11 mísseis lançados. Mesmo com a atuação das forças de defesa, 23 pessoas ficaram feridas, segundo o presidente Volodymyr Zelensky.
Impactos e destruição
Durante a ofensiva, seis dos dez distritos administrativos da cidade de Kiev foram atingidos. Explosões intensas e contínuas ecoaram durante toda a madrugada, obrigando milhares de moradores a buscarem abrigo em estações de metrô subterrâneas. O céu da capital amanheceu coberto por uma espessa camada de fumaça, resultado das detonações e incêndios provocados pelo ataque.
Relatos de moradores indicam que a cidade permanece em estado de alerta constante. “Passamos todas as noites aqui [no metrô]. Já conhecemos os funcionários e as outras famílias”, contou Yulia Golovnina, de 47 anos, que se abriga frequentemente com seus filhos em estações subterrâneas durante os bombardeios.
Reações políticas
Em pronunciamento oficial, o presidente ucraniano classificou o ataque como “mais uma prova de que a Rússia não pretende encerrar a guerra ou cessar seus atos de terror”. Para Zelensky, a intensificação da ofensiva logo após o anúncio do telefonema entre os dois líderes evidencia que “sem uma pressão internacional robusta e coordenada, o comportamento destrutivo de Moscou continuará”.
As autoridades ucranianas acusam o governo russo de utilizar o diálogo diplomático como cortina de fumaça para avançar com seus objetivos militares. A mudança de tom de Donald Trump, que anteriormente se mostrava mais otimista quanto a um possível acordo de paz, também foi interpretada como reflexo da postura inflexível do Kremlin.
A escalada do conflito gera crescente preocupação internacional. O ataque massivo ocorre em um momento de estagnação nas tentativas de negociação e acirra ainda mais as tensões entre os blocos ocidental e oriental.
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