Polícia Civil desarticula esquema bilionário de fornecimento de armas e drogas operado por membros do PCC e CV. /// Ana Lúcia Ferreira e Gustavo Miranda de Jesus — Foto: Reprodução/TV Globo
Porto Velho, Rondônia - A Delegacia de Combate a Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD) da Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou, nesta semana, a Operação Bella Ciao, que culminou na prisão de dois indivíduos apontados como peças-chave na articulação entre as maiores facções criminosas do país. A ofensiva teve como foco o desmantelamento de um suposto consórcio entre o PCC e o CV, voltado para o abastecimento do tráfico no Complexo do Alemão, na zona norte da capital fluminense.
Foram presos Ana Lúcia Ferreira, detida em Taubaté (SP), e Gustavo Miranda de Jesus, capturado na Pavuna (RJ). Ambos são acusados de atuar diretamente na logística e no financiamento do tráfico interestadual de armas e entorpecentes.
Segundo o delegado Vinícius Miranda, titular da DCOC-LD, as investigações iniciaram-se há mais de um ano, com foco nas movimentações de Fhillip da Silva Gregório, conhecido como "Professor", morto há cerca de um mês. O levantamento patrimonial revelou que Gustavo de Jesus, apontado como braço direito de Professor, movimentou valores superiores a R$ 250 milhões em nome da facção, utilizando empresas de fachada, bailes funk e familiares como laranjas.
“Ele se utilizava da própria estrutura familiar para ocultar o dinheiro ilícito. Em uma operação anterior, seus pais e irmã foram presos por emprestar contas bancárias para essas transações”, declarou o delegado.
Já Ana Lúcia, ex-companheira de Elton Leonel da Silva, o "Galã", um dos principais líderes do PCC, é descrita pela Polícia como articuladora de alto nível entre as facções. Utilizando sua experiência e conexões na fronteira com o Paraguai, sobretudo na região de Ponta Porã (MS), Ana Lúcia atuava no transporte e negociação de armas e drogas destinadas tanto ao PCC quanto ao Comando Vermelho.
“A Ana tem uma ligação direta com o Professor. Ela traz para o Rio de Janeiro o conhecimento que já tinha da região de fronteira. É uma figura-chave na articulação entre facções rivais, operando com destreza tanto para o PCC quanto para o CV”, completou Miranda.
A operação indica uma nova dinâmica nas relações entre facções criminosas brasileiras, em que a rivalidade dá lugar à cooperação logística e financeira. A DCOC-LD acredita que o modelo de consórcio criminoso é uma estratégia para ampliar o poder de fogo e o domínio territorial das organizações, sobretudo em áreas urbanas de conflito intenso, como o Complexo do Alemão.
As investigações prosseguem para identificar demais integrantes da rede e aprofundar o mapeamento financeiro das organizações envolvidas.
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