Onda de calor na Alemanha — Foto: REUTERS/Lisi Niesner

Porto Velho, Rondônia – A Europa enfrenta uma das ondas de calor mais severas de sua história recente, com temperaturas extremas que já resultaram em ao menos oito mortes em diferentes países, fechamento de escolas, suspensão de serviços públicos e interdição de pontos turísticos. O fenômeno climático, intensificado pelas mudanças climáticas causadas por atividades humanas, foi classificado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) como um “assassino silencioso”, em razão de seu impacto letal, especialmente sobre grupos vulneráveis.

Na França, o mês de junho de 2025 foi oficialmente o mais quente desde o início dos registros meteorológicos, em 1900. Em Paris, os termômetros atingiram 42°C, temperatura extremamente incomum para os padrões da capital francesa. Mesmo após leve redução, os índices continuaram elevados, com 36°C registrados nesta terça-feira (2). Mais de 2.200 escolas foram fechadas, e atividades ao ar livre foram suspensas por medida de precaução. Ao menos 300 pessoas receberam atendimento médico por insolação no país; duas morreram, entre elas uma criança de dez anos.

Outros países também enfrentam consequências severas. Na Espanha, as temperaturas chegaram a 46°C na província de Huelva. Além do calor, o país sofre com incêndios florestais, principalmente na região da Catalunha, onde duas pessoas morreram e cerca de 14 mil habitantes foram confinados em razão do avanço das chamas. Em Tarragona, uma criança de dois anos faleceu após ter sido deixada por horas dentro de um carro sob o sol.

Em Portugal, a cidade de Mora, no Alentejo, atingiu 46,6°C, quebrando o recorde nacional para o mês de junho. A região segue com previsão de temperaturas próximas aos 40°C, dificultando a rotina da população e elevando o risco de problemas de saúde e incêndios rurais.

Na Alemanha, o calor se deslocou para o leste europeu, e em Berlim, as temperaturas ultrapassaram os 39°C, aproximadamente 15°C acima da média histórica para o período. Como medida de segurança, autoridades decretaram o “hitzefrei”, que permite a liberação de estudantes durante dias de calor extremo. A recomendação inclui restrição à exposição ao sol e aumento da hidratação.

Além da França, mortes atribuídas às altas temperaturas foram confirmadas também em Itália e Turquia, reforçando o caráter continental da onda de calor.

Mudanças climáticas e alerta global

A Organização Meteorológica Mundial alertou que fenômenos como esse tendem a se tornar mais frequentes, intensos e duradouros nas próximas décadas. Segundo a entidade, o calor extremo está diretamente associado ao aquecimento global provocado pela emissão de gases de efeito estufa.

Especialistas destacam que ondas de calor representam riscos sérios à saúde pública, sobretudo para idosos, crianças e pessoas com comorbidades. Além disso, os efeitos sobre a infraestrutura urbana, agricultura, biodiversidade e economia são amplos e devastadores.

Governos locais têm emitido alertas e reforçado sistemas de saúde e emergência. Contudo, organizações ambientais cobram ações globais mais contundentes no combate às mudanças climáticas, enfatizando a necessidade de redução imediata das emissões de carbono, investimentos em energias renováveis e políticas de adaptação às novas condições climáticas.

Considerações finais

A atual onda de calor na Europa não é um evento isolado, mas sim parte de um contexto global de aquecimento acelerado. Com impactos já concretos em vidas humanas, infraestrutura e ecossistemas, o fenômeno reforça a urgência de respostas políticas e sociais à crise climática. Enquanto isso, países do continente enfrentam mais uma semana de alerta máximo, com medidas emergenciais sendo adotadas para tentar conter os efeitos dessa nova realidade ambiental.