
Porto Velho, Rondônia - Recentes escavações trouxeram à luz uma antiga cidade perdida chamada Peñico, localizada na região norte da província de Barranca, no Peru. Datando de um período estimado entre 1800 e 1500 a.C., este sítio arqueológico encontra-se a cerca de 200 quilômetros ao norte de Lima e revelou um importante ponto de conexão entre diversos povos, desde os que viviam no litoral do Pacífico, até comunidades situadas nos Andes e na Amazônia.
Essa cidade histórica surge próxima ao lendário vale do Supe, onde prosperou Caral, a mais antiga civilização já registrada nas Américas, fundada há cerca de cinco mil anos.
Apenas nas últimas décadas, novas descobertas permitiram entender melhor a amplitude e o papel desses núcleos urbanos, que modificaram relações comerciais, sociais e culturais da região.
Como a cidade perdida de Peñico foi descoberta?
Pesquisadores dedicaram quase oito anos ao mapeamento e estudo dos vestígios encontrados em Peñico. O trabalho envolveu a análise minuciosa de dezoito estruturas, formadas tanto por alvenaria de pedra quanto por argila.
Uma das descobertas mais notáveis foi um salão quadrangular decorado com representações de pututus, instrumentos de sopro feitos a partir de conchas marinhas.
Esses instrumentos produzem sons audíveis a grandes distâncias, sendo fundamentais para a comunicação em sociedades andinas: anunciavam reuniões, avisavam sobre eventos importantes e eram também símbolos de destaque social.
Qual a importância da cidade perdida de Peñico para as civilizações antigas?
A localização de Peñico revela um contexto estratégico. Situada entre o mar, as montanhas e a floresta tropical, a região funcionava como um elo facilitador de trocas, promovendo intensa circulação de produtos, saberes e práticas culturais.
De acordo com especialistas, como a arqueóloga Ruth Shady, diretora da Zona Arqueológica de Caral, a cidade foi central para o entendimento do que ocorreu com as civilizações da região após crises ambientais.
O ambiente propiciou não só atividades econômicas, mas rituais importantes, com artefatos cerimoniais e adornos como esculturas de argila e colares de contas sendo recuperados durante as escavações.
O que os achados em Peñico revelam sobre a cultura da época?
Entre os vestígios preservados, foram encontrados detalhes arquitetônicos singulares e uma coleção de esculturas representando figuras humanas e animais. Essas peças demonstram grande habilidade artística e sugerem a realização de cerimônias e ritos religiosos com forte apelo simbólico.
A presença dos pututus evidencia a importância da comunicação ritual, do anúncio de celebrações e da prática de agradecimentos aos deuses.
- Pututu: Instrumento usado em eventos cerimoniais e reuniões sociais.
- Esculturas e colares: Objetos relacionados a cerimônias e à expressão da identidade local.
- Estruturas circulares e quadrangulares: Indícios do avanço arquitetônico dessa sociedade antiga.
O sítio arqueológico de Peñico amplia o entendimento sobre as dinâmicas sociais e religiosas das antigas civilizações andinas.
Ao conectar os povos das diferentes regiões do Peru, Peñico demonstra que as trocas e as alianças já eram práticas sofisticadas muito antes da chegada dos primeiros europeus ao continente sul-americano.
Descobertas no local ajudam a reconstituir etapas da ocupação humana no território, identificando padrões de organização, crenças, práticas econômicas e culturais.
No contexto atual, a análise das descobertas em Peñico fornece novas respostas sobre a continuidade e a transformação das culturas ancestrais peruanas.
Esses achados enriquecem ainda mais o acervo histórico do país, reforçando sua importância para a compreensão das origens das sociedades complexas nas Américas.
Fonte: O Antagonista
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