Instalação de Fordow se espalha em túneis subterrâneos — Foto: picture alliance/dpa/Satellite image 2019 Maxar Technologies/AP
Porto Velho, Rondônia — A ofensiva militar dos Estados Unidos contra instalações nucleares do Irã, anunciada no último sábado (21), teve como principal alvo o complexo subterrâneo de Fordow. A operação, confirmada pelo presidente Donald Trump, representa uma escalada significativa no conflito entre Israel e o Irã, com envolvimento direto das forças norte-americanas.
Entre os alvos atingidos estavam também os centros nucleares de Natanz e Isfahan, já anteriormente danificados por ações israelenses. No entanto, o ataque ao complexo de Fordow se destaca pelo desafio militar que representava: uma instalação construída a aproximadamente 100 metros abaixo do solo, sob uma montanha na região de Qom, ao sul de Teerã.
Fordow: o coração oculto do programa nuclear iraniano
Fordow é considerado um dos principais centros de enriquecimento de urânio do Irã. Desde 2009, após reconhecimento oficial de sua existência, a comunidade internacional acompanha com atenção as atividades da instalação. Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o local abriga cerca de 3 mil centrífugas, distribuídas em túneis subterrâneos altamente protegidos.
Em 2023, a AIEA detectou no complexo partículas de urânio enriquecido a 83,7% de pureza — um nível extremamente próximo ao necessário para a fabricação de armamentos nucleares, cujo limite técnico é de 90%. Embora de menor porte se comparado a Natanz, o complexo de Fordow é militarmente mais sensível, pois operaria com material de maior grau de enriquecimento.
A “superbomba” dos EUA
Para atingir o complexo de Fordow, os EUA utilizaram a bomba antibunker GBU-57, também conhecida como MOP (Massive Ordnance Penetrator). Com 13,6 toneladas e 6,2 metros de comprimento, a GBU-57 foi projetada especificamente para penetrar estruturas subterrâneas fortificadas, sendo capaz de perfurar até 61 metros de rocha ou 18 metros de concreto antes da detonação.
O ataque foi realizado a partir de bombardeiros B-2 Spirit, aeronaves stealth da Força Aérea dos EUA, as únicas capazes de transportar a bomba de forma segura. Segundo fontes da imprensa americana, ao menos uma dúzia de bombas GBU-57 foi lançada na região de Fordow, como parte de uma operação que também envolveu mísseis disparados por submarinos.
Objetivos e dúvidas sobre eficácia
O presidente Donald Trump declarou nas redes sociais que os ataques foram “muito bem-sucedidos” e afirmou que todos os aviões envolvidos deixaram com segurança o espaço aéreo iraniano. “Obliteramos as três principais instalações nucleares do Irã: Fordow, Natanz e Isfahan”, afirmou.
No entanto, ainda há incertezas sobre a real eficácia do ataque. Devido à profundidade da instalação e à suposta presença de reforços internos em concreto armado, especialistas divergem sobre a capacidade da GBU-57 de danificar completamente as estruturas nucleares do complexo.
A AIEA declarou, no domingo (22), que não detectou aumento nos níveis de radiação nas imediações de Fordow, o que pode indicar que o material radioativo permanece intacto. “Após os ataques, não houve registro de alterações significativas na radiação ambiente”, informou a agência em nota oficial.
Implicações geopolíticas
O ataque ao complexo de Fordow marca o envolvimento direto mais expressivo dos EUA no conflito Israel-Irã, desde o início da ofensiva israelense em 13 de junho. Ao justificar a ação, Trump declarou que se tratou de um ataque preventivo para impedir o Irã de desenvolver armas de destruição em massa.
A operação norte-americana também expõe as limitações dos arsenais convencionais de Israel diante de alvos fortemente protegidos como Fordow, e reforça a dependência de armamentos de precisão e alta penetração, como a GBU-57.
Analistas temem que a ação americana provoque uma reação ainda mais agressiva do Irã, o que poderia levar a um novo ciclo de instabilidade no Oriente Médio, afetando diretamente a segurança energética global e o equilíbrio estratégico na região.
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