Da esquerda para a direita: o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva; o candidato oposicionista à presidência da Venezuela, Edmundo González; o ditador venezuelano, Nicolás Maduro; o presidente da Colômbia, Gustavo Petro e o do México, Andrés Manuel López Obrador — Foto: Fotos de Rodrigo Arangua/AFP, Raul Arboleda/AFP, Juan Barreto/AFP, Luis Acosta/AFP e Presidência do México
Porto Velho, Rondônia - A escalada da crise política na Venezuela e a possibilidade cada vez mais remota de diálogo entre Nicolás Maduro e a oposição levaram os governos do Brasil e da Colômbia a tentarem, mais uma vez, uma conversa telefônica, nesta quarta-feira, com o líder chavista. Interlocutores da área diplomática afirmam que Maduro não dá sinais de que quer negociar, enquanto a oposição pede que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva continue buscando uma solução.
A expectativa é que, além de Lula e o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, Andrés Manuel López Obrador, do México, participe da reunião, que poderá acontecer na parte da tarde. López Obrador estava afastado das negociações, porque no próximo dia 1º de outubro ele será substituído por Claudia Sheinbaum. A reunião virtual entre os três líderes latino-americanos foi anunciada, na terça-feira, pelo chanceler colombiano, Luis Gilberto Murillo.
Para auxiliares de Lula, o mandado de prisão emitido contra o candidato opositor Edmundo González, que denunciou fraude e reivindica a vitória nas eleições presidenciais de julho, torna ainda mais difícil encontrar caminhos para resolver esse impasse.
Na noite de terça-feira, Brasil e Colômbia divulgaram uma nota conjunta criticando abertamente a decisão da Justiça venezuelana, que acolheu o pedido do Ministério Público do país caribenho e decretou a prisão de González.
"Esta medida judicial afeta gravemente os compromissos assumidos pelo governo venezuelano no âmbito dos Acordos de Barbados, em que governo e oposição reafirmaram seu compromisso com o fortalecimento da democracia e a promoção de uma cultura de tolerância e convivência. Dificulta, ademais, a busca por solução pacífica, com base no diálogo entre as principais forças políticas venezuelanas", diz o texto.
A nota se referia a um acordo firmado, no fim do ano passado, entre representantes de Maduro e oposição, prevendo eleições livres, justas, transparentes e aceitas por todos. O Brasil e outros países, como Colômbia, México e Chile, participaram das negociações e os Estados Unidos chegaram a acenar com a retirada de sanções contra o governo venezuelano, se o que foi combinado fosse cumprido.
Integrantes da área diplomática do governo afirmaram que não há, por enquanto, qualquer fato novo além da nota de terça-feira. A "grande notícia", afirmou um embaixador, é se Maduro realmente topar conversar com o trio de presidentes.
A posição do governo brasileiro não mudou: o Palácio do Planalto, além de defender um acordo entre Maduro e González, quer que as atas eleitorais de 28 de julho sejam divulgadas. Somente como esses documentos será possível confirmar como foi a votação.
Por enquanto, o Brasil não reconhece nenhum do dois como vencedor. A posse do presidente eleito da Venezuela está marcada para janeiro de 2025.
Fonte: O GLOBO
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