Diretor-geral da organização agradeceu pausas pontuais em combates para realização das imunizações; etapa para aplicação de segunda dose deve começar em quatro semanas

Devido à guerra, iniciada em 7 de outubro após o ataque do Hamas contra Israel, a ONU enviou 1,2 milhão de vacinas para serem administradas por via oral — Foto: Jihad Al-Sharafi/AFP

Porto Velho, Rondônia - O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, comemorou nesta sexta-feira o sucesso da primeira fase de uma ampla campanha de vacinação contra a poliomielite na Faixa de Gaza, devastada pela guerra. A OMS afirma que mais de 560 mil crianças receberam a primeira dose da vacina. Uma segunda etapa para completar a imunização está prevista para começar em quatro semanas.

"Este é um grande sucesso em meio a uma trágica realidade diária de vida na Faixa de Gaza", disse Tedros Adhanom Ghebreyesus em uma publicação na rede social X.

A doença se espalhou pelo enclave palestino com as ruínas da guerra, em que a maior parte dos 2,4 milhões de cidadãos foram forçados a fugir de suas casas, muitas vezes se refugiando em condições insalubres. Foi neste contexto que autoridades de saúde voltaram a registrar o primeiro caso confirmado de poliomielite em 25 anos.

Um esforço massivo de vacinação começou em 1º de setembro, visando pelo menos 90% das crianças menores de 10 anos, com "pausas humanitárias" sendo realizadas em áreas de combate de forma pontual.

A primeira fase da campanha, que primeiro levou vacinas para crianças no centro de Gaza, depois para o sul e, finalmente, para o norte — área mais difícil de alcançar no território, terminou na quinta-feira. Uma nova campanha para fornecer uma segunda dose necessária deve começar em cerca de quatro semanas.

"Admiramos todas as equipes de saúde que conduziram esta operação complexa", disse Tedros, também expressando gratidão às famílias por comparecerem em massa para vacinar seus filhos.

O poliovírus, mais frequentemente transmitido por esgoto e água contaminada, é altamente infeccioso. Pode causar deformidades e paralisia, e é potencialmente fatal. Afeta principalmente crianças menores de cinco anos.

A OMS elogiou que as pausas humanitárias foram respeitadas, permitindo que a campanha prosseguisse, e pediu uma paralisação mais ampla nos combates para ajudar a estabelecer corredores humanitários e a entrega de itens necessários com urgência em todo o território devastado pela guerra.

"Imagine o que poderia ser alcançado com um cessar-fogo!", acrescentou Tedros.


Fonte: O GLOBO