Região, ocupada por Israel desde 1967, vê violência escalar desde o início da guerra na Faixa de Gaza, com mais de 640 palestinos mortos

Palestinos choram durante funeral de parentes na manhã seguinte à morte em um ataque aéreo israelense contra o campo de refugiados de Nur Shams — Foto: JAAFAR ASHTIYEH/AFP

Porto Velho, Rondônia -
 Pelo menos seis palestinos foram mortos na Cisjordânia em dois casos separados na segunda-feira, informou a Autoridade Nacional Palestina. Ao menos cinco, incluindo dois menores de idade, foram vítimas de um ataque aéreo israelense contra um campo de refugiados no norte. As vítimas, informou o Ministério da Saúde, foram levadas ao hospital governamental de Tulkarem. Em outro, uma pessoa foi morta em um ataque a tiros levado a cabo por colonos israelenses, próximo a Belém. Outras três ficaram feridas.

Em um comunicado no X, o Exército israelense confirmou a ação contra o norte da Cisjordânia, afirmando que "um avião atacou recentemente um centro de operações" na zona de Nur Shams, mas sem fornecer um balanço de vítimas nem especificar o objetivo do bombardeio. Um correspondente da agência de notícias palestina Wafa relatou ter ouvido quatro fortes explosões e disse que o ataque teve como alvo uma casa no campo de refugiados.

O campo de Nur Shams, perto de Tulkarem, foi alvo de várias operações do Exército israelense. De acordo com o Crescente Vermelho palestino, ao menos 14 pessoas morreram em uma operação israelense de dois dias em Nur Shams em abril. Em julho, as forças israelenses demoliram a rua principal do campo de refugiados em um ataque que durou 15 horas.

Já o ataque mortal a tiros desta segunda ocorreu uma semana após um ataque de colonos israelense contra o vilarejo de Jit deixar um jovem morto e ferir gravemente uma outra pessoa. Na ocasião, os agressores também incendiaram casas e carros, com a ação chegando a ser comparada a um "progrom", termo originalmente usado para descrever os ultrajes e massacres cometidos contra as comunidades judaicas na Rússia czarista, pelo presidente israelense, Isaac Herzog.

Em uma carta enviada na semana passada, o chefe da agência de segurança interna de Israel (Shin Bet), Ronen Bar, a líderes israelenses, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, alertou para o que classificou como "terrorismo" praticado por alguns colonos israelenses na Cisjordânia, que têm conduzido um campanha de assassinatos, incêndios criminosos e intimidação contra palestinos com o objetivo de expulsá-los da sua terra e promover a busca da extrema direita da anexação completa desse território.

"Não é crime porque é o uso da violência para criar intimidação, para espalhar medo. Isso é terror", descreveu o chefe do Shin Bet, advertindo para o prejuízo dessas ações "especialmente neste momento [...]: uma perda de legitimidade global até mesmo entre nossos melhores amigos, destacando as Forças Armadas de Israel em um momento em que o exército, que não foi criado para lidar com essas missões, está tendo dificuldades para realizar todas as suas tarefas."

A violência na Cisjordânia, um território palestino ocupado por Israel desde 1967, aumentou junto com a guerra em Gaza, com mais de 640 palestinos mortos por tropas israelenses e colonos desde o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados do Ministério da Saúde palestino. Pelo menos 19 israelenses também morreram em ataques palestinos durante o mesmo período, de acordo com autoridades israelenses.


Fonte: O GLOBO