Declarações do dirigente expuseram o movimento que há tempos se constrói nos bastidores do grupo político de Paes

Porto Velho, Rondônia - Interessados em ter a vice na chapa do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), que busca a reeleição, PT e PDT reagiram ontem às falas do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, que defendeu em entrevista ao GLOBO uma chapa “puro-sangue” do partido para o pleito de outubro. As declarações do dirigente expuseram o movimento que há tempos se constrói nos bastidores do grupo político de Paes, que tende a escolher um vice de dentro de seu núcleo duro para o cargo de vice.

Lideranças petistas do Rio saíram em defesa de uma aliança que abarque o partido na chapa, enquanto a sigla trabalhista formalizou a indicação da deputada estadual Martha Rocha para o posto. Entre eles, prevaleceu a leitura de que, se Paes não reconhecesse que o cenário ainda está indefinido, Kassab não precisaria defender em público a chapa pura do PSD. Todos querem o cargo porque Paes, caso reeleito, tende a deixar o mandato no meio para disputar o governo estadual daqui a dois anos.

— Ninguém mais que o Kassab compreende a importância do diálogo e das alianças. Não se faz política sozinho — rebateu um dos cotados para o cargo, o petista André Ceciliano, que foi exonerado da Secretaria de Assuntos Federativos da Presidência da República para ficar à disposição do prefeito.

Hoje, inclusive, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estará no Rio em agenda com Paes. A tendência é que eles voltem a conversar sobre o cenário eleitoral carioca, mas a possibilidade de o prefeito ceder a vice ao partido de Lula é remota.

O presidente do PT estadual, João Maurício de Freitas, afirma que a presença de um partido aliado na chapa agregaria mais à campanha do que um vice do próprio PSD.

— Acho que a chapa tem que representar a pluralidade da eleição. Politicamente, ter na vice algum partido aliado do Eduardo soma mais eleitoralmente numa disputa tão complexa como a municipal —avalia o dirigente.

Opção pedetista

Além de Ceciliano, o nome que o PT indicou para Paes é o de Adilson Pires, secretário de Assistência Social da prefeitura até semana passada. Ele foi vice do atual prefeito entre 2013 e 2016 e é considerado o petista mais ligado ao chefe da prefeitura.

Na noite de ontem, após reunião com o ministro da Previdência Social e presidente licenciado do PDT, Carlos Lupi, a deputada Martha Rocha foi oficializada como a escolhida do partido para tentar a vice de Paes. Em 2020, ela concorreu à prefeitura e protagonizou duros embates com o atual prefeito, mas depois fez as pazes.

— Eu sou muito feliz como deputada estadual, estou no meu terceiro mandato. Mas eu tenho um compromisso com o meu partido. O papel que eu mais gosto de exercer é o de militante do PDT. Eu tenho um lado, a minha voz é a voz do meu partido — disse. —Então, estou à disposição do meu partido, mas deixando bem claro que estamos aqui para construir 2024 na perspectiva de 2026. Se isso é importante para o meu partido, estou pronta.

Em entrevista publicada na edição de ontem, Kassab defendeu que a boa aprovação à gestão Paes e o fato de o prefeito ser cotado para disputar o governo do estado daqui a dois anos justificam uma chapa puro-sangue. Ter um vice do próprio grupo político e do partido do prefeito seria uma forma de dizer ao eleitor que a prefeitura, caso Paes seja reeleito e deixe o mandato no meio, continuaria nas mãos de alguém de confiança.

— Ele está muito motivado a ser prefeito cumprindo mandato em tempo integral, mas não vai poder, quando for perguntado se vai ser candidato a governador, afirmar que existe essa possibilidade se não tiver um vice do mesmo partido, que conheça os projetos, alguém de dentro do time. Essa é efetivamente a posição dele, e principalmente a da nacional do PSD— disse Kassab.

Nomes na sigla

O favorito de Paes para a vice é o deputado federal Pedro Paulo, seu principal aliado na política. Na semana passada, no entanto, no limite do prazo legal, o prefeito exonerou secretários filiados ao PSD que também despontam como alternativas: o da Casa Civil, Eduardo Cavaliere, e o de Esportes, Guilherme Schleder. Também nas fileiras da legenda, aparece como opção o presidente da Câmara Municipal, Carlo Caiado.


Fonte: O GLOBO