Porto Velho, Rondônia - Comentaristas da guerra em Gaza nas redes sociais, seguidos de portais de notícia israelenses e até da conta oficial de Israel, alegaram neste domingo, 9 de junho, que Noa Argamani (foto), resgatada no sábado, 8, era mantida refém na casa do jornalista Abdallah Aljamal, correspondente do veículo The Palestine Chronicle, sediado nos Estados Unidos.

Autoridades israelenses ouvidas por O Antagonista confirmaram apenas que reféns estavam em casas civis, com “civis” morando com eles e terroristas fazendo a guarda. Mas as Forças de Defesa de Israel ainda aguardam para confirmar o caso específico de Aljamal, repercutido na imprensa do país.

O Antagonista, assim como o Jerusalém Post, avalia que, até o momento desta matéria, “não está claro se reféns estavam detidos na própria casa dos Aljamal ou nas suas proximidades”.

Em 7 de outubro, dia do massacre cometido pelo grupo terrorista em Israel com 1200 assassinatos e 239 sequestros (alguns dos quais, depois se descobriu, eram só de corpos de pessoas também assassinadas), Abdallah Aljamal postou um agradecimento em tom de celebração:

“Louvado seja Deus, muito obrigado, bom e abençoado.

Oh Deus, retribua.

Oh Deus, retribua.

Oh Deus, retribua.

Oh Deus, sua vitória prometida.

Oh Alá, aceite, aceite.

Sua vitória, oh Deus.”

O levantamento do histórico de postagens mostra que Aljamal já foi porta-voz do “Ministério do Trabalho de Gaza”, uma das fachadas do governo do Hamas.

Uma minibiografia do “repórter e fotojornalista” com a logo da Al-Jazeera ainda rendeu a alegação de que Aljamal também trabalhava para a emissora de TV Al-Jazeera, do Catar, país que hospeda líderes do Hamas.

A conta oficial de Israel ironizou:

“Jornalista da Al-Jazeera durante o dia, sequestrador à noite.

De acordo com fontes em Gaza, Abdallah Aljamal, que também serviu anteriormente como porta-voz do Ministério do Trabalho do Hamas, manteve Noa Argamani como refém em sua casa.”

Imran Khan, correspondente sênior da versão em inglês do canal, tentou descolar a Al-Jazeera do caso, dando a entender que a colaboração de Aljamal havia sido apenas como freelancer, no passado.

Khan escreveu no Instagram: “O indivíduo em questão, que foi morto no ataque junto com sua família, foi, em determinado momento, um jornalista freelancer. Ele nunca trabalhou para a Al Jazeera em árabe ou inglês.”

No Palestine Chronicle, Aljamal chegou a relatar em 24 de abril como a “felicidade” de seus vizinhos era “perturbada pelo bombardeio israelense de Nuseirat”.

O modo como o veículo noticiou no X a sua morte (“Abdallah Aljamal, correspondente do Palestine Chronicle em Gaza, foi um dos 210 palestinos mortos no massacre de Nuseirat no sábado”) também rendeu ironias de israelenses, cuja premissa, repetimos, ainda não está clara:

“Fato engraçado: ele estava mantendo os reféns em sua casa”, comentou, por exemplo, o Dr. Eli David, fundador da empresa de segurança cibernética Deep Instinct.

Origem do embate

A discussão se alastrou com a postagem do presidente da ONG de direitos humanos Euro-Med Monitor, Ramy Abdul, que acusou “assassinatos” em Nuseirat, alegando, a partir de um “testemunho inicial”, “que o exército israelense usou uma escada para entrar na casa do Dr. Ahmed Al-Jamal e “executou imediatamente Fatima Al-Jamal, de 36 anos, ao encontrá-la na escada”, quando então os militares “invadiram” a casa “e executaram o marido dela, o jornalista Abdullah Al-Jamal, 36 anos, e o pai dele, Dr. Ahmed, 74 anos, na frente dos netos”. “O exército também atirou na filha deles, Zainab, de 27 anos, que sofreu ferimentos graves”, segundo Ramy Abdul.

Uma das reações veio da influente conta AG:

“Depois que os reféns confirmaram que estavam detidos por uma família, a EuroMed, fachada do Hamas, revelou a família exata que mantinha os reféns.

É claro que apresentam como vítimas as pessoas que mantinham e guardavam reféns conscientemente.

‘Jornalista’ e ‘médico’ que fazem reféns para grupos terroristas nas horas vagas.”

Questionado por Maccabi Lev-Ari e Elad Radson, respectivamente, por que e se estava admitindo que o suposto jornalista mantinha uma pessoa refém em sua casa, Ramy Abdul limitou-se a responder a ambos:

“Isso deve ser abordado pelas autoridades israelenses, pois documentamos a entrada de forças israelenses em sete casas na área onde dezenas de civis foram mortos.”

Para israelenses, o caso mostra como o conceito de “civis”, utilizado para demonizar Israel aos olhos da opinião pública, muitas vezes encobre a cumplicidade com o terror.

“Odeio dizer isso a você, Ramy Abdul, mas quando você mantém reféns para o Hamas e bloqueia sua liberdade, você é um guarda prisional e um combatente, não um civil – mesmo que você seja uma mulher ou um idoso.

Mas eu não espero que a Euro-Med diga a verdade”, comentou Elder of Zyon.

Se for esclarecida e verificada, a verdade específica sobre o suposto uso da casa de Aljamal para manter qualquer refém será publicada em O Antagonista.

Fonte: O Antagonista