Líder russo também acusou o Ocidente de 'esquecer as lições' da Segunda Guerra Mundial e disse que suas ambições empurram o mundo em direção a um conflito global

Porto Velho, Rondônia - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, acusou líderes ocidentais de levarem o mundo ao arriscado caminho de um conflito global, e afirmou que as forças nucleares estratégicas de Moscou estão "sempre alertas", em um discurso durante a cerimônia de comemoração da vitória soviética contra os nazistas em 1945, nesta quinta-feira.

— Sabemos aonde leva a exorbitância de tais ambições [do Ocidente]. A Rússia fará tudo para evitar um confronto global. Mas, ao mesmo tempo, não permitiremos que ninguém nos ameace. Nossas forças estratégicas estão sempre em estado de prontidão para o combate — disse o presidente, que recentemente assumiu seu 5º mandato.

Putin comandou o desfile militar na Praça Vermelha para celebrar o Dia da Vitória, com a participação de mais de 9 mil militares, segundo a imprensa russa. Aos presentes, líder russo também acusou o Ocidente de quer "esquecer as lições" da Segunda Guerra Mundial e disse que a Rússia rejeita "a pretensão de exclusividade" de qualquer governo ou aliança. O país se apresenta como um contrapeso à influência dos países anglo-saxões,

Em seguida, ele destacou que a Rússia, vive um "período difícil", em meio ao conflito na Ucrânia. Putin apresenta a guerra na Ucrânia como um conflito existencial para seu país, em uma luta contra um governo ucraniano que ele descreve como "neonazista".

Blindados participam do desfile militar na Rússia — Foto: Natalia Kolesnikova/AFP

— O destino da pátria e seu futuro dependem de cada um de nós — disse, antes de recordar os "heróis" que lutam por Moscou na frente de batalha.

O chefe de Estado recorre há muito tempo à memória da Segunda Guerra Mundial, quando 27 milhões de pessoas morreram do lado soviético, para se apresentar como herdeiro da União Soviética e legitimar o próprio poder.

Desfiles cancelados

O desfile na Praça Vermelha de Moscou foi afetado pelas consequências diplomáticas e de segurança do ataque à Ucrânia. Putin, isolado no cenário internacional, estava acompanhado nesta quinta-feira apenas por alguns chefes de Estado de aliados próximos.

Os governantes de Bielorrússia, Cazaquistão, Uzbequistão, Quirguistão e Turcomenistão compareceram ao evento, segundo o Kremlin, que informou que também foram convidados os dirigentes de Cuba e Laos.

O presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, ao lado do ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu — Foto: Ramil Sitdikov/AFP

Alguns desfiles também foram cancelados por motivos de "segurança", em particular nas regiões de Kursk, perto da fronteira ucraniana, e de Pskov, próximo da Estônia.

A vida dos russos foi afetada pelo conflito e a Ucrânia intensificou os ataques contra o território russo nos últimos meses. As regiões fronteiriças, como Belgorod, são alvos frequentes de ataques, uma resposta, segundo Kiev, aos bombardeios da Rússia na Ucrânia.

O desfile de 2023 foi muito mais modesto que nos anos anteriores, com poucos equipamentos modernos e no momento em que as tropas russas estavam mobilizadas em larga escala na frente de batalha. A Rússia havia sofrido uma série de reveses no conflito.

Um ano depois, a situação é muito diferente: o Exército russo sofreu perdas significativas e não consegue um avanço real, mas recentemente obteve conquistas territoriais contra as tropas ucranianas, que enfrentam dificuldades.

A contraofensiva de Kiev fracassou e agora é a Ucrânia que teme que o oponente, que tem mais soldados, equipamentos e munições, além de uma indústria militar maior, inicie uma operação em larga escala.

Os combates prosseguem e duas pessoas morreram em bombardeios russos em Nikopol, no sul da Ucrânia, anunciaram nesta quinta-feira as autoridades locais. Várias pessoas ficaram feridas na região russa de Belgorod em ataques ucranianos.


Fonte: O GLOBO