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Porto Velho, Rondônia - O consumidor mais atento já deve ter percebido nas gôndolas dos supermercados que os produtos com adição de proteína e outros suplementos têm se multiplicado, com promessas que vão do aumento da massa magra à melhora da memória. As novidades vão de tapioca com colágeno a refrigerante proteico.
A indústria de alimentos aproveita o maior interesse do consumidor em saúde, desde a pandemia, para lançar produtos que garantem margens de lucro maiores e fidelizam clientes.
De acordo com o Euromonitor International, somente nos três primeiros meses de 2024 foram mais de 20 mil lançamentos, contra 35 mil em todo o ano passado. O número de skus (sigla do varejo para tipos de produtos) desse nicho cresceu 110% de 2022 a 2023, levando o mercado a movimentar R$ 4,3 bilhões no Brasil — alta de mais de 26% em relação a 2022.
Quem compra, segundo a diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad), Gislene Cardozo, não são só os marombeiros, habitués de academias. Há clientes dos mais variados perfis, de jovens a vovós, visto que os suplementos estão presentes em 59% dos lares brasileiros, com pelo menos uma pessoa consumindo.
No Rio, a professora de inglês Carmen Berford, de 75 anos, consome diariamente whey protein (suplemento à base da proteína do leite). Incluiu na dieta por conta própria, preocupada em manter a autonomia já que mora sozinha.
De olho nas novidades, pretende buscar um nutricionista para “saber se precisa tomar mais alguma coisa”.
— Vejo muita gente na minha idade perdendo a memória. É uma coisa que me preocupa. Quero saber se posso tomar creatina ou outro suplemento — conta.
Ary Bucione, fundador da consultoria de alimentação funcional Nutriconnection, diz que as empresas têm lançado itens para públicos segmentados, como veganos, gestantes, mulheres em menopausa, idosos, o que ajuda a aumentar a compra de recorrência:
— Não se trata de uma compra por impulso. O consumidor é mais consciente e, portanto, mais fiel.
A Nestlé, que desde 2013 vende o Nutren Sênior, com fórmula para evitar perda de massa óssea, vem aumentando o portfólio de saúde. Lançamentos previstos para o segundo semestre buscam expandir a linha que já inclui o Nutren Beauty, bebida enriquecida com colágeno especial para unhas e cabelos, e o Nutren Protein, com 20g de proteína.
— Buscamos oferecer produtos que sejam, ao mesmo tempo, indulgentes e que tenham aporte nutricional. É para onde o mercado está caminhando. — afirma Vivian Beppu, gerente de Marketing de Nestlé Health Science.
‘Não é só para classe A’
A marca carioca Pernambuquinha tenta aproveitar o filão com tapiocas, que incluem versão integral, com whey protein, com creatina e com colágeno. Os preços vão de R$ 6 a R$ 12, a depender do ponto de venda, e as fórmulas são patenteadas.
— Somos a única marca de tapioca com suplementos, o que está proporcionando um crescimento muito grande da empresa— diz Elio Bandeira, sócio-diretor da empresa. — Não quero vender só para a classe A. Quero beneficiar quem não tem condições de ter alimentação saudável e ganhar no volume de vendas.
Atualmente, as tapiocas de whey e creatina são responsáveis por 40% do faturamento da Pernambuquinha, que acaba de expandir sua fábrica de 600 metros quadrados para 3 mil metros quadrados. A expectativa é que os produtos fortificados sejam responsáveis por 70% do faturamento de 2024, com a ajuda de dois futuros lançamentos.
Olhar o rótulo
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A nutricionista Camila Marinho destaca que os suplementos podem entrar na rotina para complementar uma alimentação rica em frutas, verduras e legumes. Há recomendações específicas: a creatina, diz, serviria para quem tem perda de memória ou sofre com perda de massa magra, como pacientes oncológicos.
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Ela aponta que pode ser mais nutritivo e barato consumir vitaminas e minerais por meio de alimentos in natura.
— É preciso olhar com cuidado o rótulo nutricional. Pode ser que um produto indique na frente que é rico em proteínas, mas que, na porção, tenha mais mais carboidrato que proteína — alerta.
A Danone vem apostando no mercado de iogurtes e shakes proteicos, que cresceu 68% em 2023 em relação ao ano anterior, movimentando R$ 1,2 bilhão, segundo o relatório Nielsen Retail Index. Recentemente lançou a linha Ultra Coffees para integrar o portfólio da YoPRO, que existe desde 2018. O YoPRO Energy Boost, vendido em mercados por R$ 8,40 a R$ 14, possui 15g de proteínas, 100 mg de cafeína, caseína e 9 aminoácidos essenciais.
A Piracanjuba, que vende shakes de proteína, faturou em 2023 mais de R$ 9 bilhões. A linha Piracanjuba Whey foi uma das mais vendidas. Já a Verde Campo conta com mais de 20 produtos com tamanhos, quantidades de proteínas e sabores diversos. Um dos últimos lançamentos, feito em 2023, foi o Iogurte Natural Whey Colágeno, que promete a consumidores a manutenção da saúde da pele e pode ser encontrado a partir de R$ 6,29.
Já a marca de suplementos Dux decidiu entrar nos mercados no ano passado para ampliar o público. O segmento corresponde a 5% do faturamento. Além de vender shakes proteicos, reduziu embalagens de whey protein para que coubessem nas gôndolas e no orçamento da compra do mês.
— Em 2023, superamos nossa expectativa, atingindo um crescimento de mais de 90% em relação ao ano anterior, ou seja, quase dobramos nosso faturamento. Nosso mais recente lançamento são as barrinhas proteicas, um lanche rápido com alto potencial de saciedade. Nossa expectativa é lançar, até o fim de 2024, cerca de 80 novos produtos — revela Marcelo Pacífico, sócio-fundador da DUX Nutrition.
Até o refrigerante embarca na onda fit proteica. Fundada em setembro último, a Moving lançou “proteína gaseificada”, cuja lata, sair por R$ 9 a R$ 15, conta com 12g de proteínas, coenzima Q10 e não tem açúcar .
O sócio Pedro Manuel Tavares, de 30 anos, diz que, nos próximos meses, chegarão dois produtos: um com cafeína e outro com creatina:
— Pensamos em criar um produto rico em proteína para atender quem tem a vida corrida e não consegue atingir os macronutrientes do dia.
Fonte: O GLOBO
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