Analistas esperavam alta de 0,4%. Segmento de transporte foi o que mais puxou resultado para baixo. Serviços prestados a famílias, como hotéis e restaurantes, também tiveram retração

O setor de serviços teve retração de 0,9% em agosto, interrompendo um ciclo de três altas consecutivas. O desempenho foi puxado sobretudo pelo segmento de transporte, com grande peso no levantamento, que recuou 2,1% no mês.
  • O resultado veio na contramão do mercado, que esperava alta de 0,4%
  • Apesar da queda em agosto, o setor de serviços cresce 5,2% em 12 meses.
  • Além do segmento de transportes, serviços prestados a famílias - como hotéis e restaurantes - teve queda forte, com recuo de 3,8%.
Segundo o gerente da pesquisa no IBGE, Rodrigo Lobo, o resultado dos transportes foi puxado principalmente pelo recuo nas atividades de gestão de portos e terminais e de transporte rodoviário de cargas.

“A gestão de portos e terminais vem apresentando perda de fôlego há algum tempo, registrando um impacto importante na pesquisa. O transporte de cargas, por sua vez, atingiu o ápice em julho de 2023, ou seja, está com uma base de comparação muito elevada”, destaca.

Serviços prestados a famílias, que inclui restaurantes, caíram em agosto — Foto: Roberto Moreyra

Todos os modais de transporte apresentaram resultado negativo. Serviços auxiliares aos transportes e correio, por exemplo, recuaram 5,5%, seguidos por transporte aquaviário, com queda de 1,3%, e transporte terrestre, com desempenho 0,9% menor. O transporte aéreo caiu 0,3%.

Lobo explica que, desde o pós-pandemia, o transporte rodoviário de cargas vinha apresentando crescimento de receita, em função, num primeiro momento, do boom do comércio eletrônico, que aumentou a demanda por frete rodoviário, e posteriormente, influenciado também pelo dinamismo da produção agrícola, que vem mostrando recordes de safra. O gerente ressalta, no entanto, que, historicamente, a produção agrícola é mais concentrada no primeiro semestre do ano.

Apesar do recuo no transporte de cargas, o de passageiros continuou a crescer mesmo com o fim das férias escolares, com avanço de 0,7% frente a julho. O desempenho, porém, não foi acompanhado de segmentos ligados a turismo e lazer, que recuaram principalmente em razão da volta às aulas.

A única atividade pesquisada a registrar crescimento foram os serviços profissionais, administrativos e complementares, que subiram 1,7% em agosto. Nesse segmento, destacam-se atividades de limpeza, atividades jurídicas e serviços de engenharia.


Fonte: O GLOBO