Informação de que gaúcho Ranani Glazer foi encontrado sem vida após ataque do Hamas foi confirmada ao GLOBO pela tia do jovem e pelo Itamaraty

O governo brasileiro confirmou nesta terça-feira, a morte de Ranani Glazer, gaúcho de 24 anos que estava desaparecido desde sábado após o início do conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Ele foi encontrado morto depois da invasão de extremistas a um festival de música eletrônica da qual participava com amigos, informou a tia do jovem ao GLOBO na noite desta segunda-feira. O Itamaraty confirmou a morte nesta terça.

Glazer estava na rave Universo Paralello, que foi invadida por homens armados no sábado. O evento acontecia no deserto de Negev, perto de Re-im, no sul de Israel, a menos de 20 quilômetros da Faixa de Gaza. A morte do jovem aumenta a lista de brasileiros mortos durante conflitos pelo mundo. Veja outros casos abaixo.

Ranani Glazer - Israel

Glazer era brasileiro-israelense, natural do Rio Grande do Sul, e tinha 24 anos de idade. Ele morava em Israel há sete anos e prestou serviço militar no país. Em abril, Ranani destacou o gosto por festas como o evento de música eletrônica onde estava quando começou o ataque do Hamas. "Fácil me encontrar numa rave", escreveu ele, em inglês, com uma foto tirada em Israel enquanto dançava com a bandeira do Brasil nos ombros.

Em seu perfil no Instagram, havia postagens recentes nos stories em que ele compartilhou vídeos da rave da qual participava, marcando Gaza na localização. Pouco tempo depois, haveria a invasão. Algumas pessoas, entre elas Ranani, conseguiram se abrigar em um bunker, mas o local acabou sendo atingido por uma bomba. A namorada dele, Rafaela Treistman, e o amigo Rafael Zimerman conseguiram sair a tempo. Ao menos 260 corpos foram encontrados no local.

Há pelo menos duas brasileiras desaparecidas que estavam na rave, de acordo com informações do Itamaraty: Bruna Valeanu, de 24 anos, e Karla Stelzer Mendes, de 41 anos.

Sérgio Vieira de Mello - Iraque

Primeiro e único brasileiro a conquistar o posto de alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, o carioca Sérgio Vieira de Mello foi escolhido, em 2003, como representante especial no Iraque. Na época, o país era o centro de uma guerra travada com os Estados Unidos e que, em março deste ano, completou 20 anos.

Com a carreira dedicada a apoiar a reconstrução de comunidades afetadas por guerras, a ideia era que ele ficasse por quatro meses no local. O plano, no entanto, foi brutalmente interrompido no dia 19 de agosto daquele ano, quando um atentado terrorista na sede da ONU matou Vieira de Mello, aos 55 anos, e outros 21 funcionários, deixando também cerca de cem pessoas feridas.

Carioca nascido em 1948 numa família de diplomatas, o início de sua trajetória na ONU foi em 1969, aos 21 anos. No começo, viajou para zonas de conflito como Bangladesh, então Paquistão Oriental, na busca pela independência. Depois, esteve em outros países como Moçambique, Ruanda, Bósnia, Líbano e Camboja.

Mas foi no Timor-Leste, no Sudeste Asiático, que ele deixou seu maior legado, entre 1999 e 2002. Lá, atuou como chefe da administração de transição da ONU. A instalação ocorreu após a independência do país, quando a organização decidiu intervir na região, até então sob ocupação militar liderada pela Indonésia que já durava 24 anos. Em 2020, a Netflix lançou o filme "Sergio", uma cinebiografia do diplomata que tem o ator Wagner Moura no papel principal.

4 brasileiros mortos na Ucrânia

Até agosto deste ano, quatro brasileiros tiveram a morte confirmada desde que tropas russas avançaram sobre o território ucraniano, em fevereiro do ano passado. Embora o Brasil não tenha enviado tropas, cidadãos viajaram para o Leste Europeu para atuar nos embates — boa parte deles pela Legião Internacional de Defesa Territorial da Ucrânia, grupo paramilitar de estrangeiros organizado pelo governo local.

Antônio Hashitani, 25 anos: Natural de Curitiba, era estudante de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) quando trancou a matrícula para se engajar em projetos humanitários. Participou de ações na África antes de ir Ucrânia. Ele atuava ao lado de um grupo paramilitar em Bakhmut quando foi morto, em agosto deste ano.

O estudante de medicina Antônio Hashitani morreu na guerra da Ucrânia — Foto: Reprodução/Redes sociais

Além de Antônio Hashitani, outros três brasileiros morreram durante a guerra na Ucrânia.
  • André Luis Hack Bahi, 44 anos: Natural de Porto Alegre (RS), ele morreu em 4 de junho do ano passado. Ele estava na Ucrânia desde o início do conflito, pela Legião Internacional de Defesa Territorial da Ucrânia. Segundo o g1, ele teria sido atingido ao se arriscar pelo fogo cruzado para resgatar outros dois combatentes. André deixou sete filhos.
  • Douglas Rodrigues Búrigo, 40 anos: Natural de São José dos Ausentes (RS), ele morreu em julho do ano passado. Estava na Ucrânia havia dois meses e atuava ao lado do Exército ucraniano em Kharkiv quando foi atingido durante um ataque aéreo. Segundo a família, a ideia de Búrigo era prestar serviço humanitário, mas, ao chegar lá, acabou por se engajar na linha de frente.
  • Thalita do Valle, 39 anos: Natural de Ribeirão Preto (SP), a brasileira também morreu em julho do ano passado, em Kharkiv. Segundo o g1, a causa do falecimento foi asfixia decorrente de um incêndio no bunker em que se abrigava. Ele havia chegado ao país apenas três semanas antes para atuar ao lado da Legião Estrangeira Ucraniana.

Thalita do Valle morreu durante a guerra na Ucrânia — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Raphael Arrufa - Afeganistão

Natural da Paraíba, Raphael Arrufa morreu aos 21 anos, em 2011. De acordo com o "Zero Hora", ele era especialista em desativação de explosivos e não resistiu aos ferimentos após um carro militar ser atingido por uma bomba artesanal, durante a guerra no Afeganistão, iniciada dez anos antes. Ele foi sepultado nos Estados Unidos.

4 brasileiros mortos no 11 de Setembro

Entre as mais de 2,7 mil vítimas do ataque às Torres Gêmeas e ao Pentágono, em 11 de setembro de 2011, estão quatro brasileiros. Eles foram identificados como os engenheiros paulistas Ivan Kyrillos Barbosa, de 30 anos, e Anne Marie Sallerin, 29; a engenheira mineira Sandra Fajardo Smith, 37; e o engenheiro capixaba Nilton Fernão Cunha, 41. Os quatro estavam trabalhando quando aviões raptados por terroristas da Al-Qaeda bateram no World Trade Center.

22 brasileiros mortos no Haiti

Em janeiro de 2010, um terremoto de magnitude 7 na escala Richter devastou o Haiti. Mais de 200 mil pessoas perderam a vida, incluindo 18 militares do Exército Brasileiro que estavam no país em Missão de Paz e outros quatro cidadãos nacionais, como a coordenadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns.

Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança, morreu no terremoto que atingiu o Haiti — Foto: Arquivo

O grupo não atuava em combates no país, mas estavam por lá em decorrência de conflitos e tragédias humanitárias. Entre as vítimas, estavam o General de Brigada Emilio Carlos Torres dos Santos; o General de Brigada João Eliseu Souza Zanin; e o Coronel Marcus Vinícius Macedo Cysneiros. Também morreram o Tenente-Coronel Francisco Adolfo Vianna Martins Filho; o Tenente-Coronel Marcio Guimarães Martins; o Capitão Bruno Ribeiro Mário; e o Segundo-Tenente Raniel Batista de Camargos.

O Itamaraty também confirmou o falecimento, no desastre, do Primeiro-Sargento Davi Ramos de Lima; do Primeiro-Sargento Leonardo de Castro Carvalho; do Segundo-Sargento Rodrigo de Souza Lima; do Terceiro-Sargento Ari Dirceu Fernandes Júnior; do Terceiro-Sargento Washington Luiz de Souza Seraphim; do Terceiro-Sargento Douglas Pedrotti Neckel; do Terceiro-Sargento Antonio José Anacleto; do Terceiro-Sargento Tiago Anaya Detimermani; do Terceiro-Sargento Felipe Gonçalves Júlio; do Terceiro-Sargento Rodrigo Augusto da Silva; e do Terceiro-Sargento Kleber da Silva Santos.

Elano - Angola

Um brasileiro morreu em 2007 durante um ataque armado de um grupo separatista do norte de Angola, de acordo com informações da emissora católica Rádio Ecclesia citadas pelo "NSC Total". O atentado ocorreu em Cabinda, enclave separado do resto de Angola na fronteira com a República Democrática do Congo. Na ocasião, o brasileiro foi identificado apenas pelo primeiro nome: Elano. Ele tinha 27 anos e trabalhava para a empresa Grant Geofísica, de exploração de petróleo.


Fonte: O GLOBO