Porto Velho, Rondônia - Mercado internacional, esse é foco dos povos indígenas Kanoé, Aruá, Makurap e Tupari que querem expandir a produção do açaí colhido na área da Terra Indígena Rio Branco, em Rondônia. A colheita, a extração da polpa e todo o trabalho de produção do fruto acontece em uma agroindústria montada na aldeia, localizada no município de Alta Floresta d’Oeste (RO).


Há dois anos, na aldeia, acontece a transformação do fruto em polpa que depois é comercializada na própria região. O desempenho dos produtores e o desenvolvimento na produção fez com que os indígenas se interessassem pelo mercado internacional.

O presidente da Cooperativa dos Povos Indígenas do Rio Branco (Coopirb), Hellyson Duarte Kanoé, conta que as redes sociais são uma das ferramentas usadas pelos produtores para a venda do açaí.

“Aqui na região são poucas as indústrias que compram a polpa e fazem o processamento. Temos a estrutura e pessoas que foram treinadas, porém, não temos máquinas e equipamentos necessários para fazer o processamento”, explica Hellyson Kanoé.

São 44 cooperados envolvidos no processo de produção em uma área de 236 mil hectares. O presidente da Coopirb conta que nos dois anos de funcionamento da cooperativa, os indígenas já produziram 1,2 mil litros de polpa natural, sem conservantes químicos.

"Todos seguem uma cultura de produção, uns trabalham com café, outros com açaí, banana, dentre outros. A cooperativa é uma extensão da associação, que tem um histórico de muitos feitos e conquistas, beneficia diretamente e indiretamente a maioria dos povos, que sempre atuou de forma coletiva. A cooperativa trabalha especificamente com essas cadeias (açaí, café e castanha) e seus envolvidos", diz Hellyson.

Competitividade

O sonho do mercado internacional enfrenta a primeira barreira dentro da própria cooperativa. Hellyson Kanoé conta que a falta de infraestrutura reduz a competitividade do açaí produzido na aldeia. Os estabelecimentos da região compram o fruto processado por indústrias de Porto Velho, que já está transformado em creme.

Para a infraestrutura necessária, os indígenas estão buscando a formalização da agroindústria. O processo burocrático tem sido assessorado pela advogada Cássia Souza Lourenço. Ela explica que o processo segue em fase final de regularização e registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

“Para ajudar com essas questões de logística e infraestrutura, estamos acompanhando e orientando os índios durante esse processo burocrático. Um dos trabalhos é os auxiliar com demandas de documentação”, afirma a advogada da cooperativa que esteve reunida com a superintendência do MAPA.

O objetivo dos indígenas diante de futuras melhorias é investimento na infraestrutura e maquinário. Isso para toda a produção ir além da polpa do fruto, na transformação em açaí em pó. O processamento da polpa visa agregar valor ao produto final e aumentar a durabilidade dele, justamente para a exportação.

Segundo a Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), do IBGE, a produção nacional contabilizou quase 1,5 milhão de toneladas em 2020. Pará, Amazonas, Acre, Amapá, Maranhão e Rondônia são os principais produtores nacionais.

Os principais consumidores do açaí no mundo, segundo a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), são Estados Unidos, Japão, Austrália, Alemanha, Reino Unido e Porto Rico.

Fonte – G1