Almir Sater em gravação da primeira versão de 'Pantanal', em 1990 | Foto de Irineu Barreto/Agência O GLOBO

Porto Velho, RO - Almir Sater supreendeu a si mesmo quando estreou na TV encarnando o misterioso peão Xeréu Trindade na primeira versão de "Pantanal", da Rede Manchete, em 1990. Foi o amigo Sérgio Reis, que deu vida ao personagem Tibério, quem convenceu o autor Benedito Ruy Barbosa a convidar o violeiro sul-matogrossense (os dois, aliás, tiveram músicas incluídas na trilha sonora do programa). Sater terminou as gravações dizendo que não faria novelas de novo, mas não foi bem assim.

O sertanejo participou de outras quatro novelas desde então. Sempre representando tipos caipiras. Em 1991, encarnou o peão protagonista de "A história de Ana Raio e Zé Trovão", fazendo par com Ingra Liberato. Cinco anos depois, estreou na Rede Globo com o boiadeiro Aparício (Pirilampo) em "Rei do gado", também escrita por Benedito Ruy Barbosa. Voltou aos sets em "Bicho do Mato (2006), da Record, e, atualmente, após intervalo de 16 anos, está na segunda versão de "Pantanal".

Nesta segunda-feira, o nome do cantor se tornou um dos termos mais buscados no Google, depois que ele atuou em uma cena de "Pantanal" ao lado de seu filho mais velho, Gabriel Sater. Na refilmagem da novela, Almir vive o chaneleiro Eugênio, enquanto seu primogênito faz o papel de Trindade, que foi do pai no folhetim original, há mais de 30 anos. Os dois protagonizaram um duelo de violas. Boa parte do público nem sabia que o músico veterano de hoje 65 anos já tinha feito novelas.


Almir Sater com o filho Gabriel em cena da nova versão de 'Pantanal' | Reprodução

"Tinha prometido que 'Pantanal' seria minha primeira e única novela. Mas fiquei fascinado pela temática de 'A história de Ana Raio e Zé Trovão'. Sempre quis popularizar minha música nos rodeios e feiras pecuárias", afirmou Sater numa entrevista ao GLOBO em 1991, desta vez sem garantir que não faria mais TV depois que as gravações de "Ana Raio" chegassem ao fim. "Se eu dissesse que agora acabou mesmo teria cara de 'já vi esse filme' (risos)".

A audiência de "Ana Raio e Zé Trovão", porém, não chegou perto de "Pantanal". Depois da novela, o violeiro passou um bom tempo longe dos sets de gravação. Nem estava cogitando voltar à televisão quando recebeu o chamado do autor responsável por sua estreia diante das câmeras: "Estava tudo bem. Eu fazia meus shows, meus discos e nem pensava mais em fazer novela, mas não resisti ao convite do Benedito pelo fato de meu personagem integrar uma dupla caipira", disse ele durante uma reportagem da "Revista da TV" publicada pelo GLOBO em agosto de 1996.


Almir Sater com Paulo Gorgulho na versão original de 'Pantanal', em 1990 | Foto de Monique Cabral/Agência O GLOBO

Mais uma vez ao lado do amigo Sérgio Reis, que fazia o papel de Zé Bento (Saracura), Sater gravava as cenas de seu personagem e mostrava seus dotes de músico animando as rodas de viola da novela, sobretudo nas sequências passadas na região do Araguaia, onde parte da novela foi gravada. "Além de decorar os textos, tenho que aprender algumas músicas. As modas de viola vêm determinadas no texto. Benedito é também o diretor musical".

O violeiro estava em sua terceira novela e, àquela altura, também já tinha gravado um curta-metragem ("A bela da Billings") e o documentário musical "Comitiva a esperança". Mas ele não se via como um ator. "Não me considero um ator. Faço um personagem específico para um cantor. Uma vez que não tenho nem nunca tive escola de ator, não há como eu não ser intuitivo quando estou em cena. Mas é difícil! Tem que interpretar mesmo", comentou o músico.

De volta ao ar na nova versão de 'Pantanal', ele disse em entrevista recente ao site de Patrícia Kogut que voltar aos sets não estava em seus planos. "Eu sou músico, e a novela prende muito a gente e acaba atrapalhando. Quando estamos numa, até tocamos pior. Com 'Pantanal' agora nem tem sido tanto assim, porque eu tenho tocado muito nas cenas e nos bastidores".


Almir Sater em gravação de programa especial de Leandro e Leonardo em 1991 | Foto de Claudia Dantas/Agência O GLOBO

Fonte: O Globo