Em todo território nacional foram registrados 35 assassinatos por conflitos no campo, sendo 11 em Rondônia

Porto Velho, RO - Rondônia foi o estado brasileiro com maior número de pessoas assassinadas em consequência de conflitos no campo em 2021, de acordo com o relatório anual da Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgado nesta segunda-feira (18).

Em todo território nacional foram registrados 35 assassinatos por conflitos no campo, sendo 11 em Rondônia, onde também ocorreu um massacre em 2021.

Entre as vítimas dez eram indígenas, nove sem-terras, seis posseiros, três quilombolas, dois assentados, dois pequenos proprietários, dois quebradeiras de coco babaçu e um aliado.

“Segundo o relatório a violência na região reflete a ferocidade da grilagem e do latifúndio e o emparelhamento protetor do Estado brasileiro ao setor ruralista”.

Entre os 35 assassinatos por conflitos no campo na atuação de pistolagem e sob encomenda das agromilícias 33 eram homens e duas eram mulheres.

Massacre em Rondônia

Em agosto de 2021, na região de Nova Mutum, em Porto Velho, uma operação policial levou à morte de três trabalhadores sem-terra. À época, outras cinco pessoas ficaram desaparecidas, segundo a CPT.

“A área onde aconteceu mais esta tragédia rondoniense está situada nas proximidades da região do Acampamento Dois Amigos e do Acampamento Thiago dos Santos, em União Bandeirantes, distrito do município de Porto Velho. O fato ocorreu na área da Fazenda Santa Carmem, um latifúndio ocupado em janeiro de 2021 e que tem registrado diversos atos de violência na região de Nova Mutum-Paraná, norte de Rondônia”, informou a comissão.

A CPT considera como massacre toda ocorrência de violência em que três ou mais pessoas são assassinadas.

Prisões no campo

Outro ponto que Rondônia chama atenção no relatório divulgado nesta segunda-feira (18) é a pesquisa relacionada a pessoas presas em conflito.

Ao todo, 100 pessoas foram presas em 2021, um aumento de 45% em relação ao ano anterior. Dessas, 30 pessoas foram presas em Rondônia, no dia 17 de novembro, isso representa quase um terço do total nacional. O relatório esmiúça o ocorrido em 17 de novembro.

“A Polícia Militar (PM) do estado prendeu cerca de 30 camponeses do Acampamento Escurão, localizado no Lote 32 da Gleba de Corumbiara, em Pimenta Bueno”. Essa região está localizada na região Sul de Rondônia. A região de Corumbiara já marcou a história de conflitos agrários há 27 anos por resultar na morte de 12 pessoas.

O relatório continua: “As prisões [em 2021] de homens, mulheres e até crianças se deram no próprio acampamento após diversas incursões das tropas da PM-RO no local. Depois das prisões, os policiais ainda destruíram casas, barracos, roubaram motosserras e espancaram os moradores”, consta no documento.

Outro relato citado aconteceu em 04 de setembro, no Acampamento Boa Esperança, quando 14 pessoas foram presas.

“Os acampados foram conduzidos algemados à Delegacia de Ariquemes e soltos após intervenção da Defensoria Pública. Quase metade dos presos em 2021, foram no estado de Rondônia”, cita a pesquisa.

Fonte: Diário da Amazônia