Entre os 13 escritores que concorrem ao importante prêmio literário, há autores como Olga Tokarczuk, Jon Fosse e David Grossman

Porto Velho, RO - O escritor brasileiro Paulo Scott é um dos 13 autores que concorrem ao International Booker Prize, um dos mais prestigiados prêmios literários no mundo. A obra "Marrom e amarelo", traduzida para o inglês por Daniel Hahn, é um dos 13 títulos semifinalistas que disputam o reconhecimento de melhor livro de ficção traduzido e publicado no Reino Unido.

Entre os escritores nomeados, há autores consagrados internacionalmente, como a polonesa Olga Tokarczuk (por "The books of Jacob"), vencedora do Nobel de Literatura e do próprio International Booker Prize, ambos em 2018; o norueguês Jon Fosse (por "A new name: septology VI-VII"); e o israelita David Grossman (pela tradução inglesa de "A vida brinca comigo"), laureado com o International Booker Prize em 2017 pelo romance "O inferno dos outros".

O júri da edição de 2022 é presidido pelo tradutor Frank Wynne e composto pela autora e acadêmica Merve Emre, pela escritora e advogada Petina Gappah, pela escritora e humorista Viv Groskop e pelo tradutor e escritor Jeremy Tiang.

A seleção dos autores que concorrem ao prêmio, que oferece o valor de 50 mil libras ao vencedor (dividido entre escritor e tradutor), foi feita a partir de 135 obras, um número recorde de candidaturas. Em 2021, o laureado foi o romancista francês David Diop, com o livro "De noite todo o sangue é negro". Em 2016, o brasileiro Raduan Nassar foi semifinalista ao prêmio (pelo livro "Um copo de cólera") ao lado de autores como Elena Ferrante e José Eduardo Agualusa.

A lista de finalistas do Man Booker Prize Internacional de 2022 será anunciada no dia 7 de abril. O trabalho vencedor vai ser revelado em 26 de maio. A seguir, confira a lista com os 13 autores semifinalistas selecionados ao prêmio:

  • Fernanda Melchor (México), por "Paradais";
  • Mieko Kawakami (Japão), por "Heaven";
  • Sang Young Park (Coreia do Sul), por "Love in the big city";
  • Norman Erikson Pasaribu (Indonésia), por "Happy stories, mostly";
  • Claudia Piñeiro (Argentina), por "Elena knows");
  • Violaine Huisman (França), por "The book of mother";
  • David Grossman (Israel), por "More than I love my life";
  • Paulo Scott (Brasil), por "Phenotypes" (originalmente publicado como "Marrom e amarelo");
  • Jon Fosse (Noruega), por "A new name: septology VI-VII";
  • Jonas Eika (Dinamarca), por "After the sun";
  • Geetanjali Thapa (Índia), por "Tomb of sand";
  • Olga Tokarczuk (Polônia), por "The books of Jacob";
  • Bora Chung (Coreia do Sul), por "Cursed bunny".
  • Livro aborda 'hierarquia cromática'

Publicado no Brasil em 2019 pela Companhia das Letras, "Marrom e amarelo" é narrado por Federico, um cientista social e militante antirracista, pesquisador da "hierarquia cromática entre peles, da pigmentocracia" brasileira.

Quando um novo governo assume, Federico é convocado a participar de uma comissão idealizada para discutir soluções para o "caos que, de súbito, tinha se tornado a aplicação da política de cotas raciais para estudantes no Brasil" – na história, diante das denúncias de brancos se autodeclarando pardos, o governo passa a apoiar a criação de um software que avaliaria fotos dos candidatos e concluiria quem era suficientemente preto, pardo ou indígena para obter o benefício das cotas.

O pai e o irmão de Federico têm a pele retinta, a mãe dele dizia que eram uma família negra, mas ele têm a pele clara, passa por branco com facilidade e, desde criança, desviava dos insultos racistas que atingiam o irmão. Por não ser nem preto nem branco o suficiente, herdou "um imenso não lugar pra gerenciar".

– Parti de um coisa que eu conheço e localizei a ação em um bairro que é o meu, mas depois a história foi acontecendo, ganhando um arco narrativo próprio, os personagens foram tomando corpo e eu fui me apaixonando por eles. A história andou sozinha – disse o escritor gaúcho, autor de outros títulos, como "Ithaca road" e "Habitante irreal", em entrevista ao GLOBO, à época do lançamento do livro.

Eu também sou muitas vezes confundido com branco. Já estive em reunião do movimento negro onde me disseram que eu não sou negro porque não tenho a pele retina ou o fenótipo.

Fonte: O Globo