Coluna Política — O anúncio que ficou no almoço e o eleitor que ficou de fora

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Coluna Política — O anúncio que ficou no almoço e o eleitor que ficou de fora

Sem pronunciamento oficial, o governador Marcos Rocha mantém em aberto as expectativas sobre o futuro político e administrativo de Rondônia em 2026                                                                                                                                                                                                                                         Foto Reprodução

Porto Velho, Rondônia - Publicado neste domingo, circulou a informação de que o governador Marcos Rocha (União Brasil) teria comunicado a secretários a decisão de concluir o mandato até o fim e não disputar o Senado nas eleições de 2026. A declaração, feita em um encontro reservado com integrantes do governo, em Porto Velho, também teria incluído a desistência da primeira-dama Luana Rocha de uma eventual candidatura à Câmara Federal. O dado, no entanto, ainda não foi confirmado por meio de pronunciamento oficial à população de Rondônia — ausência que mantém o cenário político sob incerteza e recoloca em debate a forma como decisões estratégicas do governo chegam ao eleitor.

A POLÍTICA FALA PRIMEIRO NOS BASTIDORES

Segundo a matéria, Rocha teria relatado em um almoço que não pretende renunciar ao governo em abril do ano que vem para disputar o Senado, como vinha sendo especulado, e que a decisão teria sido surpreendente para muitos presentes.

Nos bastidores, essa decisão repercute de modo claro: ela muda a lógica de vida política de aliados, potenciais candidatos e até da própria máquina do governo. Até então, a possibilidade de uma renúncia para disputar o Senado era um dos cenários mais debatidos nos círculos políticos de Porto Velho e do interior, justamente porque a legislação exige renúncia até abril caso se queira concorrer.

Mas ao mesmo tempo em que essa notícia se torna assunto para os influenciadores políticos, não houve nenhuma declaração oficial do governador para a população — aqueles que o elegeram para administrar o Estado. E isso, por si só, levanta um ponto de crítica que não pode ser relegado ao segundo plano.

O ELEFANTE NA SALA: O CIDADÃO QUE PAGA A CONTA, MAS FICA FORA DA MESA

A política rondoniense parece ter uma regra não escrita: as grandes decisões circulam primeiro nos gabinetes, nos almoços fechados, nos veículos políticos e depois chegam ao público — quando chegam.

O problema aqui não é a legitimidade da decisão, seja ela manter-se no mandato, seja decidir não disputar eleição. O problema está no modo como esse tipo de anúncio chega à população. Um governador que diz a secretários algo sobre seu futuro político, mas que não formaliza junto à sociedade, acaba por criar um ambiente de incerteza, insegurança e ruído — justamente no momento em que os olhos de eleitores, aliados e adversários começam a se voltar para 2026.

EXPECTATIVAS E RUMORES QUE CIRCULAM

Nos bastidores, o fato de Rocha ainda não ter se posicionado oficialmente acende uma série de expectativas:

  • Há quem interprete que a desistência anunciada no evento privado seja ainda um teste de reação política, não uma decisão final consumada.
  • Circulam avaliações de que a permanência no governo até o fim poderia ser uma opção confortável politicamente — mas arriscada eleitoralmente para seus aliados próximos.
  • A permanência do governador até o fim do mandato tende a reorganizar o cenário político estadual, favorecendo nomes que já ocupam espaço no debate público e contam com estrutura partidária consolidada, ainda que, neste momento, não haja candidaturas formalizadas ou anúncios oficiais.

Mas tudo isso, por ora, permanece especulação de bastidor — justamente porque o anúncio público, dirigido ao eleitor rondoniense, não foi feito.

O ELEITOR AINDA AGUARDA

Resta, agora, a pergunta que interessa menos aos bastidores e mais a quem vive Rondônia no dia a dia: o pronunciamento oficial vai vir? O governador Marcos Rocha pretende esclarecer diretamente aos eleitores — aqueles que o elegeram — quais são, de fato, seus planos políticos e administrativos para 2026? Ou o silêncio seguirá como estratégia, mantendo a população informada apenas por meio de relatos indiretos e decisões comunicadas primeiro a círculos restritos do poder?

As duas possibilidades dizem muito. Falar abertamente indicaria compromisso com a transparência e respeito ao eleitor. Manter o silêncio, por outro lado, reforçaria a distância entre governo e sociedade, tratando o futuro do Estado como assunto interno, não como tema público. Em qualquer dos caminhos, a escolha não será neutra: ela ajudará a definir não apenas o cenário de 2026, mas também o tipo de governante que Marcos Rocha escolheu ser ao final do mandato.

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