Navio passa pelo estreito de Ormuz — Foto: REUTERS/Hamad I Mohammed/File Photo

Porto Velho, Rondônia - A cotação do petróleo no mercado internacional registrou forte alta nesta segunda-feira (23), impulsionada pela possibilidade de fechamento do Estreito de Ormuz, rota estratégica para o escoamento de aproximadamente um quinto de todo o petróleo consumido no mundo. A medida foi aprovada pelo Parlamento do Irã no domingo (22), como forma de retaliação aos recentes ataques dos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas.

Apesar de ainda carecer de aprovação por parte do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã e da anuência do líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, a possibilidade concreta de interrupção no tráfego da principal via marítima de petróleo do planeta já produz efeitos consideráveis nos preços da commodity.

De acordo com o economista André Perfeito, em caso de efetivação do bloqueio, o preço do barril pode alcançar valores entre US$ 92 e US$ 110 — aumento estimado entre 20% e 40% em relação aos níveis atuais. Em um cenário mais pessimista, conforme apontado anteriormente por analistas do JPMorgan, a cotação poderia atingir a faixa de US$ 120 a US$ 130 por barril, caso a crise se agrave e envolva mais países produtores da região.

O Estreito de Ormuz conecta o Golfo Pérsico ao Golfo de Omã e ao Mar da Arábia, sendo a única passagem marítima para exportações de petróleo de países como Arábia Saudita, Irã, Kuwait, Iraque e Emirados Árabes Unidos, todos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Segundo dados da Vortexa, empresa especializada em monitoramento marítimo, entre 17,8 e 20,8 milhões de barris por dia de petróleo bruto, condensado e derivados fluem diariamente pela região.

Além do petróleo, cerca de 20% do comércio global de gás natural liquefeito (GNL) também transita pelo estreito, com destaque para as exportações do Catar, um dos maiores produtores mundiais da substância.

Alguns países da região, como Arábia Saudita e Emirados Árabes, já estudam e implementam rotas alternativas por meio de oleodutos terrestres, os quais, segundo estimativas da Administração de Informação de Energia dos Estados Unidos, oferecem atualmente capacidade ociosa de até 2,6 milhões de barris por dia. Contudo, tais alternativas não seriam suficientes para compensar totalmente o impacto de um bloqueio prolongado de Ormuz.

A escalada no conflito se intensificou após o ataque norte-americano a três instalações nucleares iranianas — Fordow, Natanz e Isfahan — no sábado (21), ação anunciada pelo presidente Donald Trump. Em pronunciamento, o mandatário afirmou que os ataques tiveram como objetivo desmantelar o potencial nuclear do Irã e alertou para a possibilidade de novos bombardeios caso o país persista em sua ofensiva regional.

Os Estados Unidos ingressaram diretamente no confronto após uma série de hostilidades entre Irã e Israel. Nos últimos dias, o governo israelense havia anunciado operações contra estruturas nucleares iranianas, levando Teerã a retaliar com mísseis lançados contra cidades como Tel Aviv, Jerusalém e Haifa.

A comunidade internacional acompanha com preocupação o desenrolar do conflito, temendo não apenas o aumento do preço dos combustíveis e gás, mas também os impactos geopolíticos de longo prazo que um confronto direto entre potências regionais e globais pode causar.