Regulação europeia coloca Apple e Meta na mira - Créditos: depositphotos.com / DenysKuvaiev

Porto Velho, Rondônia - Nos últimos anos, o cenário regulatório europeu tem pressionado grandes empresas de tecnologia a reverem suas práticas comerciais, especialmente no que diz respeito ao funcionamento de plataformas digitais. A Apple realizou mudanças expressivas nos termos de serviço da App Store na União Europeia, em resposta a exigências legais e penalidades impostas pelo bloco econômico. Essas alterações impactam diretamente a forma como a companhia opera e obtém receita na região, que representa uma fatia significativa do faturamento global da loja de aplicativos.

A decisão da Apple ocorre após a aplicação de uma multa de 500 milhões de euros, resultado do descumprimento da Lei de Mercados Digitais (DMA, na sigla em inglês), legislação que busca promover a concorrência e limitar práticas consideradas anticompetitivas em ambientes digitais. A empresa tinha até o final de junho de 2025 para implementar as mudanças exigidas, sob risco de novas sanções financeiras. A resposta da Apple evidencia a crescente influência das autoridades europeias sobre o setor de tecnologia.

O que motivou as mudanças na App Store na União Europeia?

Segundo informações da CNN, a principal razão para as alterações nos termos de serviço da App Store está relacionada à necessidade de adequação à Lei de Mercados Digitais, em vigor na União Europeia desde 2023. Essa legislação foi criada para regular o poder de mercado de grandes plataformas digitais, conhecidas como “gatekeepers”, e garantir condições mais justas para desenvolvedores e consumidores. Entre as exigências, destacam-se a obrigação de permitir maior interoperabilidade, transparência e liberdade de escolha para os usuários.

O não cumprimento dessas regras resultou em multas significativas para empresas como a Apple, que, além da penalidade financeira, passou a enfrentar maior escrutínio sobre suas práticas comerciais. A Comissão Europeia solicitou mudanças adicionais na App Store, com o objetivo de reduzir barreiras para concorrentes e ampliar as opções disponíveis aos consumidores do bloco.

Quais são as principais mudanças implementadas pela Apple?

Com as novas diretrizes, a Apple alterou pontos essenciais de sua política na União Europeia. Entre as principais mudanças, destacam-se:
  • Redução das taxas cobradas de desenvolvedores: A empresa diminuiu as comissões sobre vendas de aplicativos e serviços digitais realizados na região.
  • Facilitação de métodos de pagamento alternativos: Agora, os desenvolvedores podem oferecer opções de pagamento fora do ecossistema da Apple, ampliando a liberdade de escolha dos usuários.
  • Maior transparência: A Apple passou a fornecer informações mais claras sobre critérios de aprovação de aplicativos e sobre o funcionamento dos algoritmos de recomendação.
  • Possibilidade de lojas de aplicativos concorrentes: Desenvolvedores podem criar e disponibilizar suas próprias lojas de aplicativos para dispositivos Apple na União Europeia.
Essas mudanças tendem a impactar a receita da empresa na região, que representa cerca de 7% do faturamento da App Store, segundo estimativas de mercado.

Como outras empresas de tecnologia estão sendo afetadas pela regulação europeia?

A Apple não é a única gigante da tecnologia a enfrentar desafios regulatórios na União Europeia. Empresas como a Meta, responsável pelo Facebook e Instagram, também foram alvo de multas e exigências de adequação. Em abril de 2025, a Meta recebeu uma penalidade de 200 milhões de euros por questões relacionadas à privacidade e publicidade em seus aplicativos.

Para se adequar às normas, a Meta implementou medidas como a redução do rastreamento de usuários europeus e a oferta de uma versão paga de seus serviços, sem anúncios. Essas ações refletem a tendência de maior rigor regulatório e de busca por maior proteção aos dados e direitos dos consumidores digitais na Europa.

Quais são os possíveis desdobramentos para o mercado digital europeu?

As mudanças impostas pela União Europeia têm potencial para transformar o ecossistema digital do continente. Ao exigir maior transparência, liberdade de escolha e concorrência, as autoridades buscam equilibrar o poder das grandes plataformas e estimular a inovação. Para empresas como a Apple, o desafio está em adaptar seus modelos de negócio sem comprometer a sustentabilidade financeira.

Desenvolvedores e consumidores europeus podem se beneficiar de um ambiente mais aberto e competitivo, com mais opções de aplicativos, métodos de pagamento e maior clareza sobre o funcionamento das plataformas. Por outro lado, as empresas de tecnologia devem continuar acompanhando de perto as mudanças regulatórias, ajustando suas operações para evitar novas penalidades e manter sua presença no mercado europeu.

Fonte: O Antagonista