O presidente dos EUA, Donald Trump — Foto: divulgação/ Ken Cedeno/Reuters

Porto Velho, Rondônia - Em 4 de junho de 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma proclamação que impõe restrições à entrada de cidadãos de 19 países no território americano. A medida, que entra em vigor em 9 de junho de 2025, representa a mais ampla política de veto migratório desde o início de sua administração.

Contexto e Justificativas

A nova ordem executiva, intitulada "Restricting the Entry of Foreign Nationals to Protect the United States from Foreign Terrorists and Other National Security and Public Safety Threats", foi apresentada como uma resposta a preocupações de segurança nacional. O governo citou falhas nos processos de verificação de identidade, altas taxas de permanência irregular e falta de cooperação com os Estados Unidos em procedimentos de deportação como justificativas para a medida. Além disso, o presidente Trump mencionou um recente ataque antissemita ocorrido em Boulder, Colorado, como fator motivador, embora o país de origem do agressor, o Egito, não esteja incluído na lista de restrições.

Países Afetados

A proclamação estabelece uma proibição total de entrada para cidadãos de 12 países: Afeganistão, Irã, Líbia, Somália, Iêmen, Haiti, Mianmar, Chade, República do Congo, Guiné Equatorial, Eritreia e Sudão. Além disso, impõe restrições parciais a cidadãos de 7 países: Cuba, Venezuela, Laos, Serra Leoa, Togo, Turcomenistão e Burundi. Para esses últimos, a entrada está limitada a vistos de trabalho temporário, excluindo vistos de turismo e imigração permanente.

Exceções e Impactos

A ordem prevê exceções para residentes permanentes legais, diplomatas, atletas e membros de delegações esportivas que participem de eventos internacionais, como a Copa do Mundo FIFA 2026 e os Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028. No entanto, a situação de torcedores e outros visitantes permanece incerta, gerando preocupações entre organizadores e participantes desses eventos.

Repercussões e Críticas

A medida foi amplamente criticada por organizações de direitos humanos e especialistas em imigração, que a consideram discriminatória e politicamente motivada. Grupos como o Conselho de Relações Americano-Islâmicas apontaram que a política afeta desproporcionalmente países africanos e de maioria muçulmana, além de prejudicar populações vulneráveis que buscam refúgio nos Estados Unidos. Críticos também destacam que a inclusão de países como o Afeganistão, onde muitos cidadãos colaboraram com as forças americanas, representa uma traição a aliados.

Perspectivas Legais

Especialistas jurídicos preveem que a nova proclamação enfrentará desafios nos tribunais, semelhantes aos que ocorreram com a proibição de viagens de 2017, que foi parcialmente revertida antes de ser mantida pela Suprema Corte em 2018. A legalidade da medida dependerá de sua conformidade com a Constituição dos Estados Unidos e com as leis internacionais de direitos humanos.

A nova política de restrição de entrada de cidadãos de 19 países nos Estados Unidos marca um retorno às políticas migratórias mais rígidas da administração Trump. Embora apresentada como uma medida de segurança nacional, ela levanta questões sobre discriminação, legalidade e os impactos humanitários para indivíduos que buscam refúgio ou oportunidades no país. O desenrolar dos desafios legais e as respostas da comunidade internacional serão determinantes para o futuro dessa política.