Foto; Divulgação/ Portal do Natan
Porto Velho, Rondônia - Uma apresentadora
carismática, cenários vibrantes e uma edição impecável: parecia mais um
programa de televisão com potencial para conquistar as noites do público
brasileiro. No entanto, Marisa Maiô, a estrela dessa atração fictícia, nunca
existiu. Criada inteiramente com inteligência artificial, a personagem se
tornou o centro de um dos fenômenos virais mais surpreendentes do ano,
provocando debates sobre os limites entre a ficção e a realidade no mundo
digital.
Por trás dessa criação está o artista e escritor Raony
Phillips, já conhecido por trabalhos criativos e ousados no ambiente digital.
Em entrevista recente, ele se declarou surpreso com a repercussão: “Criei a
Marisa como um experimento narrativo, sem imaginar que tantas pessoas
acreditariam que era um programa de verdade”, disse.
A tecnologia por trás da mágica
A façanha só foi possível graças ao Veo 3, uma das
ferramentas mais avançadas de geração de vídeo com inteligência artificial
desenvolvidas pelo Google. O sistema transforma comandos de texto simples em
vídeos altamente realistas, com movimentos naturais, expressões humanas
convincentes e cenários que poderiam facilmente passar por produções de grandes
estúdios.
Diferente de outras tecnologias anteriores, o Veo 3 não
apenas renderiza imagens em movimento — ele cria narrativas com fluidez,
respeitando ritmo, ângulos de câmera e até mesmo nuances emocionais. Com isso,
qualquer pessoa com criatividade e domínio da linguagem pode produzir conteúdo
que, até poucos anos atrás, exigiriam equipes inteiras e orçamentos
milionários.
O impacto de Marisa Maiô nas redes sociais
A personagem Marisa Maiô se tornou um fenômeno instantâneo
no TikTok, Instagram e X (antigo Twitter), acumulando milhões de visualizações.
Usuários reagiam perplexos: “Mas esse programa é real?”, perguntavam uns
aos outros. Alguns canais chegaram a publicar críticas e análises de episódios
inexistentes, acreditando que se tratava de um novo formato televisivo.
Para Raony, a viralização é um reflexo de como o público
está pouco preparado para distinguir o conteúdo real do gerado por IA. “Não
esperava enganar ninguém, mas isso mostra como a tecnologia está cada vez mais
convincente. Precisamos discutir como vamos lidar com isso daqui para frente”,
alertou o criador.
Arte ou manipulação? O dilema ético da IA criativa
O caso de Marisa Maiô não apenas evidencia o potencial
criativo da inteligência artificial, mas também acende um alerta sobre os desafios
éticos e sociais dessa nova era da comunicação. Quando personagens criados
digitalmente podem ser confundidos com pessoas reais, surge a necessidade
urgente de regulamentação, transparência e educação midiática.
Especialistas alertam que o uso de IA para produzir
conteúdos hiper-realistas pode ser mal utilizado para propagação de fake news,
fraudes e manipulação de opinião pública. Por outro lado, defensores argumentam
que ferramentas como o Veo 3 democratizam o acesso à produção audiovisual,
permitindo que criadores independentes contem histórias de forma nunca antes
possível.
A nova fronteira da criatividade
Independentemente dos riscos, é inegável que estamos diante
de uma transformação profunda na forma como produzimos e consumimos conteúdo. A
criação de Marisa Maiô é mais do que uma curiosidade de internet — é um marco
simbólico de uma nova geração de artistas, que utilizam a tecnologia como
extensão de sua imaginação.
Para o público, resta a tarefa de desenvolver um olhar mais
crítico e treinado para distinguir o que é real do que é criado. E para os
criadores, um novo mundo se abre, onde a única limitação é a ética e a
responsabilidade por trás da inovação.
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