Nos últimos anos, os bebês reborn — bonecos hiper-realistas que imitam recém-nascidos — têm ganhado popularidade no Brasil. Inicialmente criados como objetos de coleção, esses bonecos têm sido utilizados para fins terapêuticos, especialmente no auxílio ao luto e em tratamentos para idosos com Alzheimer. No entanto, o envolvimento emocional excessivo com esses objetos tem levantado preocupações entre profissionais de saúde mental.
Usos Terapêuticos dos Bebês Reborn
Em Criciúma (SC), a artista Iasmin Serafim produz bebês
reborn que têm sido utilizados como ferramenta terapêutica para idosos,
proporcionando conforto emocional e estimulando memórias afetivas. De maneira
semelhante, em Minas Gerais, a artesã Silvana Soares relata que suas criações
auxiliam pessoas com Alzheimer em estágios iniciais, oferecendo companhia e
alívio emocional.
Estudos indicam que o uso de bonecas no tratamento
terapêutico pode reduzir a necessidade de medicamentos, diminuir os níveis de
agitação e agressão, e aumentar o bem-estar de pacientes com demência. Por
exemplo, uma pesquisa realizada na Inglaterra com 66 residentes com demência
mostrou que o grupo que teve intervenção da terapia com bonecas apresentou
melhoria no bem-estar em comparação ao grupo que não passou pelo mesmo processo.
Riscos Associados ao Apego Excessivo
Especialistas alertam para os perigos do envolvimento
emocional excessivo com bebês reborn. A psicóloga Rafaela Lopes destaca que o
apego pode estar relacionado a lutos não resolvidos ou frustrações relacionadas
à maternidade, e que, em casos extremos, pode indicar a necessidade de
acompanhamento psicológico. Além disso, comportamentos como tratar o boneco
como um bebê real, evitando interações sociais e negligenciando obrigações
cotidianas, podem ser indicativos de transtornos emocionais.
Casos Reais e Controvérsias
O uso dos bebês reborn tem gerado debates nas redes sociais.
Um exemplo é o caso da influenciadora Yasmin Becker, de Janaúba (MG), que levou
seu boneco a um hospital, alegando que ele "não estava se sentindo
bem", o que gerou reações divididas entre os internautas.
Em um caso mais grave, um casal nos Estados Unidos fingiu a
morte de um bebê reborn para arrecadar dinheiro através de uma campanha online.
Geoffrey e Kaycee Lang publicaram na internet a notícia de que o suposto filho
teria morrido de falha respiratória horas após o nascimento e criaram uma conta
no site de arrecadação GoFundMe pedindo dinheiro para comprar uma urna de
cinzas personalizada. A fraude foi descoberta quando uma amiga suspeitou da
falsa gravidez e acionou a polícia. Ao invadir a casa, as autoridades
encontraram uma boneca reborn que o casal pode ter usado para realizar a
fraude.
Enquanto os bebês reborn podem oferecer benefícios
terapêuticos quando utilizados com orientação profissional, é fundamental estar
atento aos sinais de apego excessivo e buscar ajuda especializada quando
necessário. O equilíbrio entre o uso saudável desses bonecos e os riscos
associados ao envolvimento emocional intenso deve ser cuidadosamente avaliado
por profissionais e familiares.
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