Porto Velho, Rondônia - Um caso raro surpreendeu profissionais de saúde e gerou repercussão nas redes sociais: no Distrito Federal, um bebê chamado Bernardo nasceu com um dispositivo intrauterino (DIU) grudado às costas. A gestação, embora inesperada, transcorreu com acompanhamento médico desde o terceiro mês, momento em que a mãe descobriu estar grávida apesar de utilizar o método contraceptivo.
Segundo o relato da profissional que realizou o parto, Bernardo nasceu completamente saudável, reforçando a importância do pré-natal mesmo em gestações não planejadas. Nem a mãe nem a equipe médica responsável quiseram dar entrevista, mas o caso ilustra uma exceção estatística importante sobre o uso do DIU.
Entenda o DIU e sua eficácia
O DIU é um dos métodos contraceptivos mais eficazes disponíveis atualmente. Existem dois tipos principais: o DIU de cobre, que não contém hormônios, e os DIUs hormonais, como o Mirena e o Kyleena, disponíveis no Brasil.
De acordo com a médica ginecologista e obstetra Marcela Fiadeiro, o índice de falha do DIU é extremamente baixo:DIU de cobre: cerca de 8 gestações a cada 1.000 usuárias por ano.
DIU hormonal: aproximadamente 2 gestações a cada 1.000 usuárias por ano.
Ainda segundo Fiadeiro, “o DIU é um método contraceptivo extremamente eficaz. No entanto, é necessário acompanhar os sinais corporais após a colocação para garantir que o dispositivo esteja corretamente posicionado no útero”.
Riscos e mitos: o DIU oferece perigo ao bebê?
Apesar do susto causado por casos como o de Bernardo, especialistas reforçam que o DIU, quando presente durante uma gestação, não oferece risco direto ao bebê. Conforme explica a médica, “o dispositivo permanece fora da bolsa amniótica, que é a estrutura que protege o feto durante a gravidez. Não há registros médicos de que o DIU possa perfurar essa bolsa”.
Contudo, há riscos indiretos, como parto prematuro e aborto espontâneo, motivo pelo qual, ao se confirmar uma gestação com DIU, é fundamental uma avaliação médica imediata para decidir, de forma segura, sobre a possível remoção do dispositivo.
A importância do acompanhamento médico
Casos de gravidez com DIU, embora raros, destacam a necessidade de acompanhamento médico contínuo após a colocação do dispositivo. Sintomas como sangramentos fora do período menstrual, dores intensas ou cólicas frequentes podem indicar o deslocamento do DIU, comprometendo sua eficácia.
“O acompanhamento clínico e a realização de exames de imagem, como a ultrassonografia, são fundamentais para garantir a correta posição do DIU e prevenir complicações”, reforça Marcela Fiadeiro.
O nascimento de Bernardo, embora excepcional, não invalida a eficácia do DIU como método contraceptivo. A ciência reconhece que nenhum método é 100% eficaz, e falhas — mesmo que raríssimas — podem ocorrer. O mais importante é manter o acompanhamento médico em todas as fases: desde a escolha do método contraceptivo até o acompanhamento de eventuais sintomas.
Em casos de gravidez com DIU, o pré-natal se torna ainda mais essencial para garantir a saúde da gestante e do bebê.
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