Ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco enumera sete razões para o "déficit de credibilidade" da política econômica do governo Lula. // Foto: Reprodução de vídeo/ BC da Argentina

Porto Velho, Rondônia - Ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco (foto) enumerou em artigo publicado em O Globo “Sete razões” para o que chamou de “déficit de credibilidade” da política econômica do governo Lula.

Franco, que é um dos criadores do Plano Real, começou pela “bagagem”: “Os economistas petistas, ou petistas em posições de economia, jamais acreditaram em equilíbrio fiscal”.

Segundo ele, “há ‘moderados’ que se refugiam em debochar do ‘pensamento único’ e os que combatem abertamente a responsabilidade fiscal”.

“Uma vez no governo, entretanto, todos tentam praticar, e são exaltados pelo ‘pragmatismo’. Mas como encenam uma convicção que de fato não possuem, é normal que não se mostrem convincentes”, completou.

“Pé no acelerador fiscal”

Franco também destacou a PEC da transição, por meio da qual “o governo contratou um nível gigante de gasto público, claramente excessivo”.

“Ao afundar o pé no acelerador fiscal, era certo que Banco Central teria que pisar no freio, a fim de cumprir a meta do próprio governo. Com isso, o país foi encaixotado em uma inconsistência (o nome técnico é crowding out)”, analisou.

Outro problema é a “falta de ideias na economia”, consequência do fato de os seis ministros da área econômica terem perfil político.

Prioridades

O ex-presidente do Banco Central também critica as prioridades do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária:

“Sobre esta última, chegou a dizer que era para ter influência comparável ao Plano Real, o que apenas sugere que ele não tinha clareza sobre nenhum dos dois.”

Segundo Franco, o arcabouço apresentado “não tem a força limitadora do antigo” e isso fez prevalecer a “sensação de descompromisso com o assunto, que não se resolve no gogó do presidente”.

Fiasco

O criador do Plano Real disse ainda que “o governo sucumbiu à ilusão pela qual era possível resolver o problema fiscal pelo lado da receita” e que o pacote de corte de gastos anunciado em novembro foi “um fiasco que apenas revelou uma atmosfera de Nova República: quem (acha que) está salvando a Democracia não faz conta”.

E sobrou uma cutucada direta para Haddad, que estaria à espera de um milagre:

“Haddad hesitou, ouviu a Receita e foi ver o Papa para falar da tributação dos super-ricos. Não é bom ver o ministro esperando um milagre, ou jogando para a torcida, especialmente no assunto de impostos, e na véspera da tal reforma da renda, sobre a qual adora dissertar.”

Fonte: O Antagonista