Dmitry Peskov, porta-voz russo, declarou que a decisão colocaria os países da Otan diretamente no conflito, o que seria visto como um ato de guerra. // Reprodução/Instagram

Porto Velho, Rondônia - O chanceler alemão Olaf Scholz está sob crescente pressão para mudar sua postura e autorizar o envio dos mísseis alemães Taurus à Ucrânia, após os Estados Unidos permitirem que Kiev realize ataques limitados com mísseis de longo alcance no território russo.A decisão norte-americana marca uma mudança estratégica significativa, enquanto o governo Biden se prepara para a posse de Donald Trump em janeiro.

A hesitação de Scholz decorre do receio de que o envio dos mísseis possa escalar o conflito e envolver diretamente países da Otan. Um porta-voz do chanceler reiterou a posição contrária de Scholz nesta segunda-feira, 18. Contudo, aliados políticos e críticos internos pedem uma revisão urgente.

O ministro da Economia, Robert Habeck, candidato pelo partido Verde nas eleições antecipadas de fevereiro, afirmou que enviaria os mísseis, se eleito. A posição é compartilhada por partidos como a União Democrata Cristã e o Partido Democrático Liberal, que formam uma maioria no Bundestag, segundo a deputada Marie-Agnes Strack-Zimmermann.

Esses mísseis, com alcance superior a 500 km e capacidade de destruir estruturas estratégicas, como pontes e bunkers, poderiam fortalecer a defesa ucraniana, afirmaram especialistas ao Financial Times. Apesar disso, analistas, como Mykola Bielieskov, alertam que o impacto será limitado se os ataques forem restritos à região russa de Kursk.

O impasse ocorre em um momento politicamente sensível para Scholz, que dissolveu sua coalizão recentemente. O líder foi criticado pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, após uma rara conversa telefônica com Vladimir Putin. Zelensky classificou o diálogo como uma abertura indesejada para a Rússia.

Países como França e Reino Unido têm pressionado Biden a apoiar o uso de seus próprios mísseis de longo alcance pela Ucrânia, enquanto líderes da União Europeia, como Josep Borrell, incentivam os estados-membros a seguirem o exemplo dos EUA. “A autodefesa inclui impedir ataques antes que aconteçam”, afirmou Annalena Baerbock, ministra das Relações Exteriores da Alemanha.

A reação do Kremlin foi dura, classificando a medida como uma nova escalada. Dmitry Peskov, porta-voz russo, declarou que a decisão colocaria os países da Otan diretamente no conflito, o que seria visto como um ato de guerra.

Fonte: O Antagonista