Terreno onde será instalado o Parque do Bixiga, alvo de disputa há décadas — Foto: Maria Isabel Oliveira/O Globo
Porto Velho, Rondônnia - Em uma cerimônia marcada por euforia e comemoração de integrantes do Teatro Oficina, a prefeitura de São Paulo e o Grupo Silvio Santos oficializaram o acordo que transfere ao poder público o terreno que abrigará o Parque do Rio Bixiga. O espaço foi alvo de uma briga de décadas entre o dramaturgo Zé Celso e Silvio Santos — e no fim, a ideia de transformar o local em parque venceu.
Na manhã desta sexta, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o CEO do Grupo Silvio Santos, José Roberto Maciel, assinaram o documento que dá fim à disputa. A prefeitura pagou R$ 65 milhões à empresa pelo terreno, e o local virará parque no futuro. Por enquanto, é denominado Parque do Rio Bixiga, mas há disputas na Câmara Municipal sobre homenagear Silvio Santos ou Zé Celso com o nome do futuro espaço.
A prefeitura fará um concurso público, organizado pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), para definir o projeto do futuro parque. Depois do projeto, será feita a licitação da obra. O prefeito estima que o parque poderá ser entregue no fim de 2025.
Em julho, a Câmara Municipal aprovou uma alteração no Plano Diretor Estratégico da cidade para incluir o parque na lista de novos equipamentos verdes previstos para os próximos anos.
— Está feita a escritura, a área é nossa, o parque é nosso — comemorou Nunes ao assinar o documento.
Histórico de conflitos
A briga entre Zé Celso e Silvio Santos começou na década de 1980, porque o dramaturgo queria manter o projeto original do Teatro Oficina, fundado por ele em 1958. Sua sede foi reformada entre 1984 e 1994 com projeto de Lina Bo Bardi (1914 -1992) e Edson Elito, é considerada patrimônio histórico pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat). O edifício tem como característica uma grande janela lateral, que permite ver a cidade durante as montagens.
Contudo, há 43 anos, o apresentador e empresário comprou um terreno contíguo ao teatro, com planos de erguer um prédio com mais de 100 metros de altura para o Grupo Silvio Santos, e o diretor entrou na Justiça para impedir.
Em 2016, um projeto para construção de três torres da Sisan, braço imobiliário do Grupo Silvio Santos, foi proibido pelo Condephaat, mas no ano seguinte a decisão foi revertida. Os dois se encontraram em várias reuniões, mas não houve uma solução consensual. Um "abraçaço" no quarteirão do Oficina, convocado por Zé Celso, reuniu em 2017 mais de mil pessoas, entre elas o apresentador Marcelo Tas, o ator Sérgio Mamberti, o cantor Otto e o então vereador Eduardo Suplicy (atualmente deputado estadual pelo PT).
Em 2022, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) proibiu a prefeitura de autorizar a construção de um empreendimento imobiliário com mil apartamentos no terreno, que havia sido liberada pelos órgãos de preservação municipais. Um projeto para a criação do Parque do Bixiga (que seria negociado com uma permuta de terrenos com Silvio Santos) foi aprovado em duas votações, mas acabou vetado em 2020 pelo prefeito em exercício Eduardo Tuma. O Grupo Silvio Santos recorreu à segunda instância.
Após a morte de Zé Celso, em 2023, Prefeitura e Ministério Público começaram a tentar um acordo com o grupo empresarial, que foi fechado neste ano. A prefeitura aceitou pagar R$ 65 milhões pelo terreno, que foi pago a vista nesta sexta.
Fonte: O GLOBO
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