Endrick se lamenta durante a derrota do Brasil para o Paraguai, pelas Eliminatórias — Foto: Daniel Duarte/AFP
Porto Velho, Rondônia - Foi a primeira derrota do Brasil sob o comando de Dorival Júnior. Mas o tropeço para o Paraguai, por 1 a 0, provoca uma ressaca que vai muito além de um único revés. Traz o acúmulo de uma seleção em crise desde o início do atual ciclo, vem de uma participação coadjuvante na última Copa América e que flerta com a zona da tabela das Eliminatórias que não classifica para a Copa de 2026.
A seleção passa por uma crise técnica tão grande que chega a ser inacreditável Dorival ter prometido, na véspera da derrota para os paraguaios, que o Brasil estará na final da próxima Copa. Passa a impressão de que não tem a exata noção do passivo que recebeu e da dificuldade que está tendo para fazer o trabalho evoluir. Após dez partidas sob seu comando, os avanços foram pequenos demais para um time que precisa dar um salto muito grande em dois anos.
— A gente está num momento de tentar se encaixar. Muitas peças sendo mexidas, o professor ainda tentando encontrar a melhor forma de a gente jogar. Então isso reflete também no resultado. Há muitos jogadores novos também. Creio que é um momento onde a confiança não está com a gente — disse Marquinhos.
Ainda que com apenas dez pontos em 24 disputados, o Brasil ocupa a quinta colocação e está dentro da zona de classificação. Mas, mesmo que vença o Chile, em outubro, em Santiago, terá feito o pior primeiro turno de sua história nas Eliminatórias com o formato atual.
Ao contrário do jogo contra o Equador, quando a queda de rendimento no segundo tempo chamou a atenção, os problemas já surgiram no começo do duelo em Assunção. O técnico Gustavo Alfaro, do Paraguai, mostrou ter feito bem a lição de casa e se atentou na dificuldade do time de Dorival em sair com a bola quando pressionado.
O Brasil não reagiu bem à marcação. Tocou a bola de um lado para o outro e demorou demais a iniciar as jogadas. Com pouco espaço, foi obrigado a trocar passes de forma mais ágil, e a falta de entrosamento ficou materializada no excesso de erros. Neste cenário, as chances de gol foram raras até o intervalo.
No meio, Bruno Guimarães pouco apareceu. Paquetá até foi participativo, mas sofreu com a falta de espaços. Na frente, a direita foi pouco acionada. E, pela esquerda, Vini se viu sozinho em diversos momentos, o que facilitou o trabalho da defesa adversária.
Mais preocupante ainda foi a falta de combinações de jogadas entre os brasileiros. Triangulações, bolas em profundidade para alguém invadir o espaço... nada disso apareceu em campo.
As únicas chances saíram em bolas enfiadas para aproveitar a velocidade do trio de frente. Na melhor oportunidade, Endrick recebeu de Paquetá pela direita e virou para Vini. O atacante recuou para Arana, e o chute do lateral foi cortado por Junior Alonso, praticamente em cima da linha. Mas foi muito pouco para uma seleção que precisa dar sinais de evolução.
Mal com a bola nos pés, o Brasil ainda foi punido aos 18. Gabriel Magalhães cortou a bola lançada na área. Na sobra, Diego Gómez teve todo o espaço possível para sair da marcação e acertar um belo chute de trivela sem chances de defesa para Alisson.
As entradas de Luiz Henrique e de João Pedro na volta do intervalo fizeram o time criar mais na frente. Logo no primeiro minuto, Rodrygo teve grande chance de empatar, mas isolou.
Com Luiz Henrique, Lucas e Estêvão em campo, o lado direito se tornou a principal opção. Vini ficou ainda mais isolado na esquerda e nada fez, encerrando com saldo negativo sua participação nesta Data Fifa.
Os minutos finais foram de um time nervoso, que passou a errar ainda mais e se sabotava na hora de concluir. Desfecho melancólico para uma seleção que precisa dar uma resposta em campo.
Fonte: O GLOBO
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