Desempenho foi puxado por quedas no preço dos alimentos e na conta de luz

Preço dos alimentos cai em agosto — Foto: Hermes de Paula

Porto Velho, Rondônia -
 Em agosto, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo, usado para observar o comportamento da inflação, ficou negativo em 0,02% de acordo com informações divulgadas pelo IBGE nesta terça-feira. O resultado veio menor que o esperado pelos analistas de mercado, que calculavam alta de 0,01%. É a primeira deflação desde junho de 2023.
  • O desempenho foi puxado pela queda nos preços dos alimentos e bebidas (-0,44%) e na conta de luz
  • No ano, no entanto, a inflação acumulada é de 2,85%
  • Já nos últimos 12 meses, o acumulado é de 4,24%, abaixo do teto da meta de inflação para 2024
O resultado vem após a previsão para 2024 da Selic, a taxa básica de juros, saltar de 10,5% para 11,25% ao ano, segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira. O relatório, que reúne as projeções de analistas de mercado, também revisou para cima a projeção do IPCA para o ano, de 4,26% para 4,3% no ano.

Na alimentação, houve leve queda nos preços de cebola (-0,04%), tomate (-0,04%) e batata-inglesa (-0,06%), por exemplo. De acordo com Denise Cordovil, pesquisadora do IBGE, o clima mais ameno no meio do ano favoreceu a produção desses alimentos, contribuindo para a colheita e as safras.

— Houve um ganho de produtividade que aumentou a oferta de legumes e tubérculos, o que influenciou uma queda desses preços. Por outro lado, teve uma oferta mais limitada das frutas, também por conta do clima, que as afeta de forma diferente — explicou.

Outro fator que influenciou a deflação do mês de agosto foi a mudança da bandeira tarifária de energia. Em julho, ela estava amarela, mas passou para verde no mês passado.

“A principal influência veio de energia elétrica residencial, com o retorno à bandeira tarifária verde em agosto, onde não há cobrança adicional nas contas de luz, após a mudança para a bandeira amarela em julho”, pontuou André Almeida, gerente da pesquisa.

Há três cores para as bandeiras tarifárias, que indicam cenários mais ou menos favoráveis de oferta de energia e mexem com a conta de luz. A verde significa que não há cobrança extra sobre o consumo, pois os reservatórios das hidrelétricas estão cheios e a situação de oferta de energia é confortável.

A bandeira amarela indica alguma preocupação com a geração de energia. Neste caso, as tarifas dos consumidores são acrescidas em R$ 1,885 a cada 100 kWh consumidos.

Já a bandeira vermelha aponta que há limitações de oferta, daí a necessidade de cobrança extra, para inibir o consumo. A bandeira vermelha no patamar 1, que entrou em vigor em 1º de setembro, significa um acréscimo de R$ 4,463 para cada 100 quilowatt-hora consumidos.


Fonte: O GLOBO