Em reuniões internas e com o mercado, Galípolo diz que não está no BC para fazer oposição — Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo
Porto Velho, Rondônia - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encaminhou o nome de Gabriel Galípolo como sucessor de Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central (BC) para análise do Senado. A indicação foi formalizada no Diário Ofical da União (DOU) nesta sexta-feira.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou a indicação da Galípolo nesta quarta. O atual diretor de Política Monetária do BC será submetido a uma sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
Cortejo e pressa para sabatina
Galípolo deve se reunir com senadores a partir da semana que vem e iniciar o tradicional ritual de ‘beija-mão’, em que o escolhido busca o apoio do Congresso antes da sabatina oficial.
A data da sabatina ainda não foi definida. A análise do nome passa primeiro pela CAE e depois segue para o plenário do Senado. Enquanto o governo tem pressa para que isso aconteça antes das eleições, membros da comissão demonstram resistência em meio ao impasse sobre emendas parlamenatares.
Além disso, o mandato do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, só termina no dia 31 de dezembro, os parlamentares avaliam que não há pressa para sabatinar o escolhido de Lula para a sucessão — que ele deve passar mais uma vez com facilidade pelo crivo do Congresso.
Acostumado com os rituais da política, Galípolo já entrou em contato por telefone com o presidente da CAE, senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), e com o ex-presidente do colegiado, Otto Alencar (PSD-BA) — ligações que foram bem-recebidas pelos dois parlamentares. Segundo Otto, ficou pré-agendada uma conversa presencial em Brasília na semana que vem.
O senador baiano fez a relatoria da indicação de Galípolo à diretoria de Política Monetária e se colocou à disposição para fazer a ponte entre ele e os parlamentares do PSD. Otto, porém, disse que não sabe se dará tempo de sabatinar o indicado à presidência do BC antes das eleições, mas avaliou que não há pressa, considerando que o mandato de Campos Neto só termina no fim do ano.
— Há tempo para pensar nisso sem prejuízo à gestão do BC. Como ele já está no BC, não há dúvida que tem currículo para o cargo. Não vejo nenhum obstáculo para que possa ser aprovado — disse o senador.
A expectativa é que ocorra uma conversa entre Vanderlan e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Indicação
A escolha do diretor de Política Monetária do BC já era esperada pelo mercado, pela proximidade dele com a equipe econômica.
Galípolo assumirá a chefia do BC no lugar de Roberto Campos Neto, que deixará o cargo no fim do ano. Ele ainda precisará ser sabatinado e ter seu nome aprovado pelo Senado. Caso seja efetivamente nomeado, ficará no cargo por quatro anos, podendo ser reconduzido por mais quatro.
Em seu primeiro pronunciamento como escolhido para liderar o BC, Galípolo afirmou que a indicação era "uma honra, um prazer e uma imensa responsabilidade".
— A indicação ainda depende da aprovação do Senado, então vou ser breve para respeitar a institucionalidade. Mas quero dizer que, na mesma magnitude, é uma honra, um prazer e uma responsabilidade imensa ser indicado à presidência do BC pelo ministro Fernando Haddad e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É uma honra enorme, uma grande responsabilidade e estou muito contente — disse o diretor.
Fonte: O GLOBO
0 Comentários