O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), durante o primeiro debate da campanha eleitoral de 2024 — Foto: Alexandre Cassiano/Agência O Globo
Porto Velho, Rondônia - Uma das estratégias da campanha de reeleição de Eduardo Paes (PSD) é de fugir da nacionalização do debate em torno da disputa pela prefeitura do Rio. Ele busca limitar a pauta das eleições aos problemas da cidade e suas entregas no mandato. No entanto, dois de seus adversários são bolsonaristas e tentam exatamente o contrário: associar a imagem do prefeito ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e apresentá-lo como contrário ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), levando temas nacionais à campanha.
Um dos motivos de Paes para evitar a nacionalização é a liderança nas pesquisas até entre os eleitores de bolsonaristas. E manter esse apoio é um dos seus principais desafios. O Rio deu localmente a vitória a Jair Bolsonaro em 2022. E o ex-presidente deve desembarcar na capital para tentar transferir votos ao seu candidato e aliado Alexandre Ramagem (PL). Além de Bolsonaro, devem subir no palanque com o deputado federal membros da família dele e nomes do bolsonarismo de outros estados.
A última pesquisa Datafolha mostra que, apesar de manter vantagem entre os bolsonaristas, Paes tem a maior rejeição entre os cariocas que se declaram eleitores do PL: 47%. Sua rejeição é maior nesse público do que Ramagem entre os petistas: 33%. No entanto, nas intenções de voto, Paes se sobressai entre os “polarizados”: o prefeito tem a preferência de 26% entre partidários do PL, enquanto Ramagem apenas 2% nos apoiadores do PT.
Na última semana, Eduardo Paes visitou a obra do anel viário de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, que é financiada com recursos federais. No local, gravou um vídeo e não citou a parceria com o Planalto, apesar de acompanhado por vereadores do PT. Os candidatos petistas, no entanto, não se enxergam como “escondidos” na campanha.
Na segunda-feira, Paes visitou o Super Centro de Saúde em Benfica, na Zona Norte, que foi construído também em parceria com o governo federal. O equipamento é o melhor avaliado entre os cariocas. Após a visitação, o prefeito admitiu que busca se dissociar da nacionalização:
— O presidente Lula é um superaliado. Ele gosta muito do Rio e tem me ajudado muito na viabilização de várias coisas. Só que estamos discutindo nessa eleição a prefeitura do Rio. Não será Lula ou Bolsonaro a governar a cidade — disse Paes.
A escolha de Paes por não ampliar o escopo da pauta da eleição se limita ao âmbito nacional. Desde o início da campanha, o prefeito faz sucessivas críticas ao governo estadual e ao titular do Palácio Guanabara, Cláudio Castro (PL) — sobretudo na segurança.
Enquanto adversários tentam associar sua imagem à de Lula, Paes rebate buscando colar Castro ao correlegionário Ramagem, já que a última pesquisa Datafolha mostra que o governador é o “padrinho” mais rejeitado entre cariocas: 64% não votariam em quem fosse indicado por ele, contra 56% por Bolsonaro e 47% por Lula.
Paes vai a Brasília
Com uma disputa acirrada em São Paulo, petistas avaliam que o cenário carioca em que Paes lidera com folga permite Lula focar suas forças na disputa pela prefeitura paulistana, onde apoia Guilherme Boulos (PSOL). Ao todo, o presidente deve participar de três atos na campanha de Boulos durante o primeiro turno. Em paralelo, petistas articulam uma ida de Lula ao Rio na primeira quinzena de setembro para visitar cidades onde aliados estão concorrendo a prefeituras.
De acordo com a executiva do PT no Rio, o único município que o presidente tem presença confirmada é a capital. Outros pedidos da presença de Lula serão avaliados segundo o desempenho eleitoral nas pesquisas.
Mas nesta terça-feira o prefeito já deve ter seu primeiro encontro com Lula desde o início da campanha. Eduardo Paes vai a Brasília se encontrar com o presidente para tratar sobre temas envolvendo o futuro estádio do Flamengo, no Gasômetro, região central do município.
Fonte: O GLOBO
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