Ricardo Nunes (MDB), Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB), José Luiz Datena (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL): candidatos à prefeitura de São Paulo durante o debate da Band, o primeiro da eleição 2024 — Foto: Fotos de Edilson Dantas/O Globo

Porto Velho, Rondônia - A expectativa pela divulgação dos resultados das próximas pesquisas de intenção de voto para a prefeitura de SP tem provocado tensão nos bastidores das campanhas dos principais candidatos – Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB) e José Luiz Datena (PSDB). A principal razão é a provável alta nas intenções de voto de Pablo Marçal (PRTB), o coach que tem feito sua campanha focada nas redes sociais e explorando a performance histriônica em debates.

Desta quarta-feira (21) até a sexta (23), serão divulgados os números da AtlasIntel, do Datafolha e do Paraná Pesquisas, os primeiros levantamentos a medir o impacto do desempenho de Marçal no debate da Band, que ocorreu no último dia 8, em que o coach fez uma série de provocações aos adversários e depois inundou as redes sociais com os cortes das cenas.

Embora oficialmente os marqueteiros e candidatos tentem relativizar o desempenho digital de Marçal, dizendo que exposição na internet nem sempre resulta em mais votos, as pesquisas internas das campanhas, conhecidas como trackings, mostram que Marçal vem tirando votos dos outros candidatos da direita – principalmente de Nunes, que é apoiado por Jair Bolsonaro e tem um vice indicado pelo ex-presidente.

Até o início da semana, os trackings indicavam que Marçal tinha subido de 14% para 18%, enquanto o prefeito caiu de 25% para 21%. Boulos, que tinha 22%, foi para 21%. Datena aparece nessas sondagens com 9% e Tabata Amaral (PSB) com 5%. Desde então, de acordo com fontes da campanha, Marçal estacionou nos 18% e parou de subir.

Nas pesquisas de opinião registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até agora, Marçal aparecia em quarto lugar ou empatado com Datena em terceiro, variando de pontuação conforme o instituto. No último Datafolha, do final de julho, Nunes tinha 23%, Boulos, 22%, Datena e Marçal apareciam empatados com 14%. Tabata Amaral estava com 7%.

Se Marçal se consolidar em terceiro, pode causar um abalo nas estratégias das campanhas. Embora no momento ninguém adiante o que vai fazer, há uma preocupação sobre como combater Marçal sem sair chamuscado pelos ataques.

Isso porque, embora parecesse exagerado aos que estavam assistindo o debate, nas redes a repercussão foi positiva para Marçal.

A primeira iniciativa, tomada de forma conjunta nesta semana por Boulos, Nunes e Datena, foi não ir ao debate da revista Veja para não dar palco a Marçal, o que as campanhas avaliaram que foi acertado. Agora, os três candidatos tendem a só comparecer aos debates das TVs abertas e talvez o do UOL.

Essa é mais uma razão pelas quais as pesquisas estão sendo ansiosamente aguardadas. As equipes temem o efeito que uma eventual queda acentuada possa provocar sobre o humor de seus candidatos e sobre as tendências dos eleitores. Também querem saber se suas estratégias funcionaram e como fazer para anular o efeito Marçal na campanha.

Até mesmo o discurso replicado nos times de Nunes e Datena, de que a campanha só começa no final de agosto, com o início das inserções e da cobertura de TV dos telejornais, embute a avaliação de que nas redes o coach ainda é imbatível, e que o esforço maior deve ser o de produzir eventos e fatos políticos fora do ambiente digital.

Já no caso de Boulos, a preocupação não é perder votos para Marçal, mas sim o estrago que os ataques podem fazer na imagem do psolista.

No último debate do Estadão, a provocação que o candidato do PRTB fez, com uma carteira de trabalho para Boulos, que respondeu com um tapa.

A cena viralizou e pode ter ajudado a colar no candidato de esquerda uma pecha de alguém que não gosta de trabalhar, que era o que Marçal queria.

O tamanho do prejuízo sobre a candidatura do PSOL, porém, ainda não está dado. As pesquisas a serem divulgadas nesses próximos dias podem fornecer algumas pistas – ou então aumentar mais ainda a voltagem desta campanha.


Fonte: O GLOBO