
Durante o embate de quinta-feira passada, o presidente americano foi incapaz de se expressar fluentemente e com vigor sem um teleprompter (dispositivo que permite ler um texto sem desviar o olhar da câmera), se atrapalhou várias vezes e perdeu o raciocínio, intensificando os temores sobre sua acuidade mental.
— Não foi muito inteligente ter viajado por todo o mundo algumas vezes [...] pouco antes do debate — disse. — Quase dormi no palco.
O presidente americano esteve na França de 5 a 9 de junho, para assistir às cerimônias de desembarque aliado na Normandia e realizar uma visita de Estado. Na sua chegada, em 5 de junho, permaneceu o dia todo no hotel. De 12 a 14 de junho, viajou para a Itália para participar de uma reunião do G7. Na sequência, viajou diretamente à Califórnia para um evento de campanha.
Depois, o democrata fez uma pausa de seis dias para se preparar para o debate com seus assessores na residência de Camp David, cerca de Washington, período durante o qual não realizou nenhuma atividade pública.
Até agora, o principal argumento de seus correligionários tinha sido que Joe Biden havia passado uma "noite ruim" e que estava "resfriado".
A porta-voz da Casa, Karine Jean-Pierre, disse que o presidente "sabe como dar a volta por cima", descartando a possibilidade de o octogenário se submeter a um teste cognitivo.
— Não é justificado, não é necessário — afirmou.
Pressão democrata; Kamala defende
Em fevereiro, o médico de Biden o declarou apto para governar. Lloyd Doggett se tornou o primeiro congressista democrata a pedir publicamente que Biden jogue a toalha.
— Espero que ele tome a difícil e dolorosa decisão de se retirar. Peço respeitosamente isso a ele — afirmou.
A muito influente Nancy Pelosi, de 84 anos, ex-presidente democrata da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, à rede MSNBC, também expressou preocupação.
— Acho que é uma pergunta legítima dizer: 'Isso foi um episódio ou é uma condição?' — afirmou.
Em uma tentativa de levantar o ânimo, a vice-presidente Kamala Harris disse que se sente "orgulhosa" de ser a companheira de chapa do presidente.
— Joe Biden é o nosso candidato. Derrotamos Trump uma vez e vamos derrotá-lo de novo — acrescentou.
Na sexta-feira, Biden concederá uma entrevista à ABC News, que vai transmiti-la integralmente no domingo.
A Casa Branca também promete uma coletiva de imprensa na próxima semana durante a cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Washington, além de conversas com funcionários, governadores e congressistas democratas de alto escalão.
O que dizem as pesquisas?
Uma pesquisa publicada nesta terça-feira pela CNN aumentou ainda mais o pânico entre os democratas: 75% dos eleitores entrevistados acreditam que o partido teria mais chances em novembro com outro candidato.
Trump recebe 49% das intenções de voto a nível nacional, contra 43% de seu rival, uma diferença que não mudou desde a última pesquisa desse tipo, realizada em abril.
A vice-presidente Kamala Harris, embora não ganhasse, estaria melhor posicionada, com 45%, contra 47% do ex-presidente republicano.
O New York Times informou nesta terça-feira que alguns colaboradores do presidente notaram "ausências mais frequentes" e "mais pronunciadas" nos últimos meses, mas também momentos de lucidez, por exemplo, diante de crises internacionais.
As perguntas sobre a acuidade mental do presidente mais velho da história dos Estados Unidos, que tem mostrado um declínio físico evidente, são "legítimas", insistiu Karine Jean-Pierre nesta terça-feira, mas evitou respondê-las diretamente.
A porta-voz afirmou que o governo "absolutamente não esconde" informações sobre as aptidões do presidente.
Fonte: O GLOBO
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