Nova presidente da Petrobras falará com a imprensa pela primeira vez após tomar posse

Porto Velho, Rondônia - A nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, conversa nesta segunda-feira pela primeira vez com a imprensa desde que teve seu nome aprovado pelo conselho. A expectativa é que ela explicite o que pretende fazer na empresa, porque até agora só falaram por ela. Isso é muito ruim, principalmente levando-se em conta que é uma mulher. Que ela fale com sua própria voz.

Magda não terá um mandato fácil por ter que equilibrar muitas forças. De um lado, vai ter que fazer o que o governo, acionista controlador, quer e de maneira rápida. Do outro, os acionistas minoritários desejam também ser atendidos e ser ouvidos.

Após as falas do ministro Alexandre Silveira, ela chega muito limitada em seu papel. O presidente Lula e o ministro querem mais estatização, aumento do investimento, levando outros setores da economia como o setor naval. Isso já deu errado no passado, causou prejuízos à Petrobras. Ela tem que mostrar alguma autonomia, ainda que ela concorde com a política do governo.

O governo também quer a manutenção da política de não seguir a paridade do preço internacional, implementada por Jean Paul Prates. E outra ação que não é boa para empresa, e depende muitas vezes da sorte. Magda chega num momento em que o petróleo está em baixa e o dólar estacionado. Se o petróleo estivesse subindo, o problema ia ser maior.

Uma outra pressão é do tempo presente, que exige de uma empresa de petróleo uma visão de futuro. Uma visão para o combustível não fóssil, para a descarbonização do processo de produção, mas também para a oferta de outras energias menos lesivas ao meio ambiente.

Magda também vai ter que recuperar a reputação da companhia de troca de presidentes um atrás do outro, porque tem mudado a direção com muita frequência e isso passa a impressão de uma instabilidade. E isso afasta os melhores investidores.

Uma questão fundamental é aumentar sempre a transparência de todos os processos e preservar todas as regras que servem como trava contra a corrupção.

O fato é que o próprio ministro Alexandre Silveira trata a Operação Lava Jato apenas por seus defeitos. A operação descobriu a corrupção na Petrobras e fez agentes públicos e seus ex-diretores corruptos devolveram dinheiro para a empresa. A nova presidente tem que pegar o lado bom da Lava Jato, que foi o aumento de transparência e de políticas de governança, e preservar isso.


Fonte: O GLOBO