Jogo contra o Fortaleza, já sob os olhos do treinador, teve uma série de torcedores utilizando a peça

Porto Velho, Rondônia - No mesmo dia em que anunciou o técnico Álvaro Pacheco, o Vasco viveu, em São Januário, a “noite das boinas”. Vendida na porta do estádio, a peça pegou. Eram vários os torcedores usando a vestimenta que virou marca registrada do novo treinador, presente na partida — o empate em 3 a 3 com o Fortaleza, que terminou com classificação do cruz-maltino nos pênaltis para as oitavas de final da Copa do Brasil. Apesar de incomuns na região Sudeste do Brasil, as boinas, como a de Álvaro, nunca saíram de moda pelo mundo.

É o que explica Alexandre Taleb, consultor de imagem e especialista em moda masculina:

— Cada pessoa tem um diferencial. O Álvaro entendeu que o dele é a boina. E a boina sempre foi usada. É algo que vem dos militares, que eles usam até hoje. Ela nunca saiu de moda. Nós, brasileiros, às vezes temos preconceito.

Em 2022, em entrevista a um podcast, Pacheco explicou o uso da boina. Segundo ele, quando estava no modesto Vizela, houve uma exigência por vestimentas mais formais. Saiu então o boné que utilizava e entrou a nova peça.

— Usava bonés antes, mas teve um período no Vizela em que optamos por usar trajes mais formais. Eu disse que queria continuar usando bonés e o diretor esportivo disse que não ficava bom. Aí veio a boina e eu gostei. Gostei do ar que dá, e também do conforto. Sendo careca, não só no verão, mas também na chuva, sentia um desconforto muito grande. Quem é careca sabe do que eu estou falando. Eu não gosto de pegar frio na cabeça, então a boina foi uma ideia fantástica — explicou o treinador.

Taleb ressaltou a questão da cabeça careca para explicar a importância da peça, que remete à história dos chapéus:

— A boina é um tipo de boné e não deixa de ser um chapéu. E o chapéu você usa no inverno, usa para se proteger do frio, e no verão, para se proteger do sol. O chapéu pode ser usado de dia ou à noite, a única coisa que difere é a cor da faixa, clara para usar no dia e escura para usar à noite. Mas isso as pessoas acabam nem fazendo hoje em dia. A boina faz parte disso também. A verdadeira boina era de lã, mas também pode ser usada no verão. Na moda, ela é muito bem vista, você pode usar em qualquer lugar — diz ele, que conta também sobre regras de etiqueta.

A etiqueta preza pela necessidade de retirá-las à mesa de restaurantes (exceto naqueles em que bata sol na cabeça) e em caso de visita à casa de outra pessoa, quando se retira por educação.

Apesar de pouco comum no Rio de Janeiro, a boina é muito utilizada na região Sul do país, onde existem lojas especializadas. Na Europa, principalmente em países com clima frio, elas também têm forte presença. Taleb diz que, em visita recente a Portugal, viu um uso amplo da peça entre os homens.

Primeiro treino na sexta-feira

No Vasco, a tendência é que Pacheco alterne a vestimenta. Nas fotos de apresentação, ele apareceu com um boné. Já durante a partida, em São Januário, voltou a portar a boina. Num outono tipicamente carioca, de calor predominante, uma coisa é certa: o sol baterá, em especial em locais mais abertos, como no CT Moacyr Barbosa, onde amanhã o técnico comandará seu primeiro trabalho. Em dias de jogos mais quentes, o português de 52 anos certamente alternará o vestuário para peças mais leves.

Alvaro Pacheco foi anunciado e trocou a boina pelo boné — Foto: Divulgação Vasco

Com o torcedor que frequenta as arquibancadas, as necessidades são parecidas. O estilo da boina terá que se encaixar com o visual básico do dia de jogo, da bermuda ao tênis leve e à camisa do time. Taleb dá a dica:

— Dá para combinar sem problema nenhum. Mas não pode pôr uma boina de lã. Além de ser muito quente, é muito requintada. Fica melhor para usar com paletó ou com terno. Para esse dia de calor, é recomendada aquela boina de tecido mais fininho, pode ser até um feltro.


Fonte: O GLOBO